O Beato Bento de Urbino nasceu na cidade de Urbino
em 23 de setembro de 1560 no seio de uma família nobre. Recebeu no Batismo o
nome de Marcos. Ficou órfão aos 10 anos de idade, e como era muito inteligente
e com gosto pelos estudos, foi enviado, primeiro para Perusa, e depois para
Pádua onde se doutorou em Direito, depois de um curso brilhante, tendo apenas
22 anos.
Passou a viver em Roma na corte do Cardeal João
Jerônimo Albani, porém, teve de se afastar dali devido a dificuldades de caráter
familiar. Entretanto, ia amadurecendo a sua vocação religiosa e, saturado da
vida mundana que se respirava à sua volta, ao fazer 23 anos, pediu para entrar
na Ordem dos Capuchinhos. A sua constituição frágil e delicada criou-lhe
grandes obstáculos, que venceu com a sua constante insistência e com as belíssimas
qualidades morais de que se encontrava adornado.
Foi admitido à profissão na Ordem dos
Capuchinhos em 1585, com o nome de Frei Bento de Urbino. Completados os estudos
sacerdotais, foi ordenado presbítero. Aprovado para o ofício da pregação, bem
depressa se entregou a esse ministério com grande fervor de espírito e
simplicidade de palavra, atraindo a todos pela sua modéstia, por uma grande
alegria de espírito unida à oração constante, à pobreza e austeridade.
Em 1599 foi escolhido para integrar o grupo de
capuchinhos enviados à Boêmia sob a direção de São Lourenço de Brindes para aí
defender e difundir a fé católica no meio dos Ussitas e Luteranos. Exerceu,
ali, uma qualificada e prodigiosa atividade. Porém, por motivos de saúde e pela
dificuldade em falar a língua local, teve de voltar para o seu país. Novamente
na sua terra, retomou o apostolado, tendo como preferidos os lugares e as
pessoas mais humildes e mais pobres. Dedicou-se também à educação da juventude
e viveu uma vida de ascese. Foi escolhido Guardião e posteriormente Definidor
da sua Província.
Extremamente humilde, fugia de tudo aquilo que
pudesse trazer-lhe motivo de honra ou de glória. A sua meditação preferida era
a Paixão de Jesus. Amava a Virgem Maria com ternura filial, preparando-se sempre
para as suas festas com uma novena de orações e de jejum. A sua oração era
contínua. Sendo Guardião, jamais dispensou os seus irmãos das duas horas de
meditação.
Com paciência e resignação, suportou as doenças
que martirizavam o seu frágil corpo, ao ponto de ficar reduzido a pele e ossos.
Flagelava-se com disciplinas de ferro e levava apertado à cintura o cilício.
Era extremamente frugal na sua alimentação. Viajava a pé e descalço. Dormia
muito pouco. Consagrava horas sem conta à oração, à pregação e ao
confessionário. Para ele, sofrer era uma alegria. O sofrimento considerava-o
como uma identificação com o Senhor Crucificado; a dor via-a como semente de
felicidade eterna. Com muita antecedência previu a sua morte que ele mesmo
anunciou, esperando-a com serenidade e alegria, à maneira do Pai São Francisco,
para voar para o céu.
Sentindo próxima a última hora, pediu o viático
e a unção dos enfermos que recebeu com piedade. Na tarde de 30 de abril de
1625, plácida e serenamente, entregou o seu espírito nas mãos do Senhor, em
Fossombrone, no Convento de Montesacro onde ainda hoje se conserva o seu corpo.
Tinha 65 anos de idade dos quais 41 passados na Ordem Capuchinha no exercício
das mais heroicas virtudes.
O seu funeral constituiu uma solene manifestação
de piedade e veneração. Os milagres logo tornaram célebre o seu sepulcro. Por
isso mesmo, o Papa Pio IX beatificou-o em Roma a 15 de janeiro de 1867.
Para todos, o Beato Bento de Urbino é, ainda
hoje, um modelo de oração constante, de contemplação, de austeridade, de
presença salvífica junto dos irmãos e anunciador da Palavra de Deus, sobretudo,
junto dos irmãos mais pobres e humildes.
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