O
apelo que São Paulo dirigiu aos Coríntios reveste-se hoje precisamente de uma
nova atualidade: Somos embaixadores de
Cristo, e é Deus que vos exorta por nosso intermédio. Suplicamos-vos, pois, em
nome de Cristo: Reconciliai-vos com Deus! Se o homem não está reconciliado
com Deus, está em discórdia também com a criação. Não está reconciliado consigo
mesmo, gostaria de ser diferente daquilo que é, e, portanto, não está
reconciliado sequer com o próximo. Além disso faz parte da reconciliação a
capacidade de reconhecer a culpa e pedir perdão: a Deus e ao próximo.
E, por fim, pertence ao processo da
reconciliação a disponibilidade de fazer penitência, a disponibilidade de
sofrer até ao fundo por uma culpa e de deixar-se transformar. E faz parte dela
a gratuidade: a disponibilidade de fazer mais do que o necessário, de não
perder tempo em cálculos, mas ir além daquilo que exigem as simples condições
jurídicas.
Faz
parte dela aquela generosidade da qual o próprio Deus nos deu o exemplo.
Pensemos na palavra de Jesus: "Se
fores apresentar uma oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta diante do altar, e vai
primeiro reconciliar-te com o teu irmão; depois, volta para apresentar a tua
oferta".
Deus
que sabia que não estamos reconciliados, que via que temos algo contra Ele,
levantou-Se e veio ao nosso encontro, não obstante só Ele estivesse do lado da
razão. Veio ao nosso encontro até à Cruz, para nos reconciliar.
Esta
é a gratuidade: a disponibilidade de dar o primeiro passo. Ser os primeiros a
ir ao encontro do outro, oferecer-lhe a reconciliação, assumir o sofrimento que
exige a renúncia ao próprio ter razão. Não ceder na vontade de reconciliação:
disto Deus deu-nos o exemplo, sendo esta a forma para nos tornarmos semelhantes
a Ele, um comportamento do qual temos necessidade sempre de novo no mundo.
Devemos
aprender de novo, hoje, a capacidade de reconhecer a culpa, devemos largar a
ilusão de sermos inocentes. Devemos aprender a capacidade de fazer penitência,
de nos deixarmos transformar; de ir ao encontro do outro e de implorar de Deus
o dom da coragem e da força para esta renovação. Neste nosso mundo de hoje,
devemos redescobrir o sacramento da Penitência e da Reconciliação.
Papa
Bento XVI – 21 de dezembro de 2009
Hoje celebramos:
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