terça-feira, 18 de junho de 2019

18 de junho - Beata Hosana Andreasi de Mântua


No final Idade Média, observamos o papel importante desem­penhado por muitas mulheres santas que viviam em seu meio, cujos conse­lhos e orações eram procurados pelos governantes e pelo povo e que foram consideradas, ainda em vida, como protetoras da comunidade e como me­diadoras entre Deus e os homens. Uma destas mulheres foi a Beata Hosana.

Nascida em Mântua, a 17 de janeiro de 1449, era filha de Nicolau Andreasi e de Luísa Gonzaga, era a filha mais velha de uma família numerosa, e durante toda a sua vida cuidou de sua família.

Ela contava cinco anos, quando teve sua primeira experiência religiosa. Estava, certo dia, caminhando à beira do rio Pó em Carbonarola, quando ouviu uma voz que lhe dizia, suave e distintamente: "Menina, a vida e a morte con­sistem em amar a Deus". Ela caiu imediatamente em êxtase e foi condu­zida por um anjo ao Paraíso. Ali o anjo lhe mostrou todas as criaturas que louvavam a Deus, cada uma a seu modo, e lhe explicou que este louvor, que será nossa principal função na eternidade, deve ser nossa preo­cupação e nossa felicidade ainda nesta vida. Era uma revelação por demais maravilhosa para ser transmitida a uma criança pequena; mas Hosana res­pondeu com a entrega total de seu ser a Deus.

A partir dessa época, ela começou a passar longas horas em oração e penitência. Caía frequentemente em êxtase, para grande preocupação de seus pais, que inicialmente atribuíram seus transes à epilepsia.

Mesmo contra a vontade paterna, aprendeu a ler. Quando tinha quatorze anos, ela pediu permissão para ingressar na Ordem Terceira de São Domingos, mas encontrou novamente resistência, porque seu pai queria que ela se casasse. Contudo, permitiu-lhe, um pouco mais tarde, que tomasse temporariamente o hábito dominicano, em agrade­cimento por se haver recuperado de uma doença grave; e quando terminou o período prefixado e ela anunciou que se havia comprometido por toda a vida, o pai, embora irritado, não insistiu.

Por estranho que nos pareça, ela não professou como terceira durante trinta e sete anos, continuando na qualidade de noviça e sempre ocupando o último lugar nas reuniões da Ordem Terceira. A razão para este adia­mento é obscura: provavelmente tinha consciência de que as obrigações decorrentes da profissão religiosa eram de algum modo incompatíveis com os deveres que Deus lhe exigia no mundo. Seus pais morreram quando ela era ainda jovem, e ela continuou a residir no palácio Andreasi, dedi­cando-se a seus irmãos e às suas famílias, jamais procurando fazer sua própria vontade, mas servindo a todos como se fosse a mais humilde de suas empregadas.

Quando tinha dezoito anos de idade, Hosana recebeu um outro favor extraordinário do alto. Em uma visão, Nossa Senhora desposou-a com Nosso Senhor, que lhe colocou um anel no dedo: ela podia senti-lo sem­pre, embora fosse invisível para os outros.

A grande estima que o duque Frederico de Mãntua consagrava à Bea­ta Hosana se manifestou de maneira notável em 1478. Na véspera de partir para uma campanha na Toscana, ele lhe enviou mensageiros, pedindo-lhe que olhasse não somente pela duquesa e seus cinco filhos, mas, pratica­mente, que o substituísse em sua ausência. Hosana inicialmente fez objeções, alegando sua falta de experiência e sua juventude, porque ainda não tinha trinta anos. O duque, contudo, insistiu, e ela concordou, com a sim­plicidade e com a confiança em Deus que a caracterizaram durante toda a sua vida. Embora nunca deixasse de morar em sua própria casa, agora passava grande parte de seu tempo no palácio, tratando, com tanta sabe­doria, dos problemas que lhe eram apresentados, que Frederico continuou a consultá-la, mesmo depois de seu retorno.

Toda a família do duque a tinha como sua amiga mais querida, e, quando Francisco II sucedeu ao pai, tanto ele como a noiva, Isabella d'Este, continuaram a tradição. Em cartas que se conser­vam até hoje, vemo-la confiar na sua amizade com eles, para interceder por todos os tipos de sofredores, ora reclamando justiça para alguma vítima infeliz, ora pedindo clemência para um preso, até mesmo com o risco de parecer importuna, como ela mesma confessava ocasionalmente.

Em 1501, afinal, ela fez sua profissão definitiva como terceira, e durante os quatro anos restantes de sua vida, quando sua saúde entrou em declí­nio, ela parecia já não pertencer a este mundo. Morreu em 20 de junho-de 1505, aos cinquenta e seis anos de idade. O duque e Isabella d'Este que a assistiram nos últimos momentos, lhe prepararam funerais e isentaram a família Andreasi de todos os impostos por um período de vinte anos.

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