Nºs 242 a 247
Os jovens
precisam de ser respeitados na sua liberdade, mas necessitam também de ser
acompanhados.
A família deveria ser o primeiro espaço de acompanhamento. A pastoral juvenil
propõe um projeto de vida baseado em Cristo: a edificação duma casa, duma
família construída sobre a rocha. Para a maioria deles, esta família, este
projeto concretizar-se-á no matrimônio e na caridade conjugal. Por isso, é necessário que a pastoral
juvenil e a pastoral familiar tenham uma continuidade natural, trabalhando de
maneira coordenada e integrada para poder acompanhar adequadamente o processo
vocacional.
A comunidade desempenha um papel muito
importante no acompanhamento dos jovens, e toda
a comunidade se deve sentir responsável por acolhê-los, motivá-los,
encorajá-los e estimulá-los. Isto implica que se olhe para os jovens com
compreensão, estima e afeto, e não que sejam julgados continuamente ou lhes
seja exigida uma perfeição que não corresponde à sua idade.
Destacamos
a carência de pessoas especializadas e dedicadas ao acompanhamento. Acreditar no valor
teológico e pastoral da escuta implica repensar a renovação das formas com que,
habitualmente, se expressa o ministério presbiteral e verificar as suas
prioridades. Além disso, reconhecemos a necessidade de preparar consagrados e
leigos, homens e mulheres, qualificados para o acompanhamento dos jovens. O
carisma da escuta, que o Espírito Santo suscita nas comunidades, poderia obter
também uma forma de reconhecimento institucional para o serviço eclesial.
Além
disso, é preciso acompanhar de modo especial os jovens que se apresentam como
potenciais líderes, para poderem formar-se e preparar-se. Os jovens, que se
reuniram antes do Sínodo, pediram que se desenvolvam programas de liderança
juvenil para a formação e desenvolvimento contínuo de jovens líderes. Algumas jovens notam uma falta de figuras
femininas de referência dentro da Igreja, para a qual desejam, elas também,
contribuir com os seus dons intelectuais e profissionais. Achamos ainda que
seminaristas e religiosos, com maioria de razão, deveriam ser mais capacitados
para acompanhar os jovens líderes.
Os mesmos jovens descreveram-nos as
caraterísticas que esperam encontrar num acompanhador; e fizeram-no muito
claramente. Estes guias deveriam possuir
algumas qualidades: ser um cristão fiel comprometido na Igreja e no mundo; uma
tensão contínua para a santidade; não julgar, mas cuidar; escutar ativamente as
necessidades dos jovens; responder com gentileza; conhecer-se; saber reconhecer
os seus limites; conhecer as alegrias e as tribulações da vida espiritual. Uma
qualidade de primária grandeza é saber reconhecer-se humano e capaz de cometer
erros: não perfeitos, mas pecadores perdoados.
Acontece frequentemente que os guias são
colocados num pedestal e por isso, quando caem, provocam um impacto devastador
na capacidade que os jovens têm de se comprometer na Igreja.
Os guias
não deveriam levar os jovens a serem seguidores passivos, mas sim a caminhar ao
seu lado, deixando-os ser os protagonistas do seu próprio caminho. Deveriam respeitar a
liberdade do processo de discernimento de um jovem, fornecendo-lhe os
instrumentos para realizar adequadamente este processo. Um guia deveria confiar
sinceramente na capacidade que tem cada jovem de participar na vida da Igreja. Por isso, um guia deveria cultivar as
sementes da fé nos jovens, sem pressa de ver os frutos do trabalho que vem do
Espírito Santo. Este papel não deveria ser circunscrito aos presbíteros e
aos religiosos, mas também os leigos deveriam poder exercê-lo. Todos estes
guias deveriam poder beneficiar duma boa formação permanente.
Sem dúvida, as instituições educacionais da
Igreja são um ambiente comunitário de acompanhamento que permite orientar
muitos jovens, sobretudo quando procuram acolher todos os jovens,
independentemente das suas opções religiosas, proveniência cultural e situação
pessoal, familiar ou social. Desta forma, a Igreja presta uma contribuição
fundamental para a educação integral dos jovens nas mais diversas partes do
mundo.
Reduziriam indevidamente a sua função, se
estabelecessem critérios rígidos para a admissão de estudantes ou para a sua
permanência, porque privariam muitos jovens de um acompanhamento que os ajuda a
enriquecer a sua vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário