quarta-feira, 5 de junho de 2019

Christus vivit: Jovens com raízes – Sonhos e visões – nºs 192 a 197


Nºs 192 a 197



Na profecia de Joel, encontramos um anúncio que nos permite entender isto duma maneira admirável. Diz assim: Depois disto, derramarei o meu espírito sobre toda a humanidade. Os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos e os vossos jovens terão visões. Se os jovens e os idosos se abrirem ao Espírito Santo, juntos produzem uma combinação maravilhosa: os idosos sonham e os jovens têm visões. Como se completam reciprocamente as duas coisas?

Os idosos têm sonhos permeados de recordações, de imagens de tantas coisas vividas, com a marca da experiência e dos anos. Se os jovens se enraizarem nos sonhos dos idosos, conseguem ver o futuro, podem ter visões que lhes abrem o horizonte e mostram novos caminhos. Mas, se os idosos deixarem de sonhar, os jovens já não podem ver claramente o horizonte.

Sabe bem encontrar, no meio daquilo que guardaram os nossos pais, alguma lembrança que nos permite imaginar o que sonharam para nós os nossos avôs e as nossas avós. Todo o ser humano, ainda antes de nascer, recebeu como prenda dos seus avós a bênção dum sonho cheio de amor e esperança: o sonho duma vida melhor. E, se não o recebeu de nenhum dos seus avós, houve seguramente algum bisavô que o sonhou e ficou feliz por ele, ao contemplar no berço os seus filhos e, depois, os netos. O sonho primordial, o sonho criador de Deus nosso Pai, precede e acompanha a vida de todos os seus filhos. Guardar na memória esta bênção, que se estende de geração em geração, é uma herança preciosa que devemos saber conservar viva para também nós a podermos transmitir.

Por isso, é bom deixar que os idosos contem longas histórias, que às vezes parecem mitológicas, fantasiosas – são sonhos de anciãos –, mas frequentemente estão cheias duma rica experiência, de símbolos eloquentes, de mensagens escondidas. Tais narrações requerem tempo e que nos disponhamos gratuitamente a ouvir e interpretar com paciência, porque não cabem numa mensagem das redes sociais. Devemos aceitar que toda a sabedoria de que necessitamos na vida não pode estar confinada nos limites impostos pelos atuais recursos de comunicação.

No livro A Sabedoria do Tempo, deixei expressos alguns desejos sob a forma de pedidos. Que peço aos idosos, entre os quais me incluo a mim próprio? Peço que sejamos guardiões da memória. Nós, os avôs e as avós, precisamos de formar um coro. Imagino os idosos como o coro permanente dum importante santuário espiritual, no qual as orações de súplica e os cânticos de louvor sustentam a comunidade inteira que trabalha e luta no campo da vida

É belo que os jovens e as donzelas, os velhos e as crianças louvem todos o nome do Senhor.

Nós, os idosos, que podemos dar aos jovens? Aos jovens de hoje, que sentem dentro si próprios uma mistura de ambições heroicas e inseguranças, podemos lembrar-lhes que uma vida sem amor é uma vida estéril.
Que podemos dizer-lhes? Aos jovens temerosos, podemos dizer que a ânsia face ao futuro pode ser superada.

Que podemos ensinar-lhes? Aos jovens excessivamente preocupados consigo mesmos, podemos ensinar que se experimenta maior alegria em dar do que em receber, e que o amor não se demonstra apenas com palavras, mas também com obras.

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