sexta-feira, 7 de junho de 2019

Christus vivit: Jovens com raízes – Arriscar juntos – nºs 198 a 201


Nºs 198 a 201


O amor que se dá e age, muitas vezes erra. Aquele que atua, aquele que arrisca, frequentemente comete erros. A propósito, pode revelar-se interessante o testemunho de Maria Gabriela Perin, que, recém-nascida, ficou órfã de pai e reflete como isso influiu na sua vida, numa relação que não durou, mas fez dela mãe e agora avó: O que sei é que Deus cria histórias. Na sua genialidade e misericórdia, Ele pega nos nossos triunfos e fracassos e tece lindas tapeçarias que estão cheias de ironia. O reverso do tecido pode parecer confuso com os seus fios emaranhados – os acontecimentos da nossa vida – e talvez seja este lado que não nos deixa em paz quando temos dúvidas. Todavia o lado bom da tapeçaria mostra uma história magnífica, e este é o lado que Deus vê.
Quando as pessoas mais velhas olham com atenção a vida, com frequência compreendem instintivamente o que está por trás dos fios emaranhados e reconhecem o que Deus faz criativamente até mesmo com os nossos erros.

Se caminharmos juntos, jovens e idosos, poderemos estar bem enraizados no presente e, daqui, visitar o passado e o futuro: visitar o passado, para aprender da história e curar as feridas que às vezes nos condicionam; visitar o futuro, para alimentar o entusiasmo, fazer germinar os sonhos, suscitar profecias, fazer florescer as esperanças. Assim unidos, poderemos aprender uns com os outros, acalentar os corações, inspirar as nossas mentes com a luz do Evangelho e dar nova força às nossas mãos.

As raízes não são âncoras que nos prendem a outros tempos, impedindo de nos encarnarmos no mundo atual para fazer nascer uma realidade nova. Pelo contrário, são um ponto para firmar-se que nos permite crescer e responder aos novos desafios. Sendo assim, não aproveita sentarmo-nos a recordar com saudade os tempos passados; devemos tomar a peito, com realismo e amor, a nossa cultura e enchê-la de Evangelho. Somos enviados hoje a anunciar a Boa Nova de Jesus aos tempos novos. Temos de amar o nosso tempo com as suas possibilidades e riscos, com as suas alegrias e sofrimentos, com as suas riquezas e limites, com os seus sucessos e erros.

No Sínodo, um dos jovens auditores, vindo das Ilhas Samoa, disse que a Igreja é uma canoa, na qual os idosos ajudam a manter a rota, interpretando a posição das estrelas, e os jovens remam com força imaginando o que os espera mais além.
Não nos deixemos extraviar nem pelos jovens que pensam que os adultos são um passado que já não conta, que já está superado, nem pelos adultos que julgam saber sempre como se deveriam comportar os jovens. O melhor é subirmos todos para a mesma canoa e, juntos, procurarmos um mundo melhor, sob o impulso sempre novo do Espírito Santo.


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