sábado, 29 de junho de 2019

Christus vivit: A vocação – Ser para os outros – nºs 253 a 258


Nºs 253 a 258

Quero agora deter-me na vocação entendida no sentido específico de chamado para o serviço missionário aos outros. O Senhor chama-nos a participar na sua obra criadora, prestando a nossa contribuição para o bem comum com base nas capacidades que recebemos.

Esta vocação missionária tem a ver com o nosso serviço aos outros. Com efeito, a nossa vida na terra atinge a sua plenitude, quando se transforma em oferta. Lembro que a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir. Eu sou uma missão nesta terra, e para isso estou neste mundo. Por conseguinte, devemos pensar que toda a pastoral é vocacional, toda a formação é vocacional e toda a espiritualidade é vocacional.

A tua vocação não consiste apenas nas atividades que tenhas de fazer, embora se manifeste nelas. É algo mais! É um percurso que levará muitos esforços e muitas ações a orientar-se numa direção de serviço. Por isso, no discernimento de uma vocação, é importante ver se a pessoa reconhece em si mesma as capacidades necessárias para aquele serviço específico à sociedade.

Isto confere um valor muito grande a tais tarefas, pois deixam de ser uma soma de ações que a pessoa realiza para ganhar dinheiro, para estar ocupada ou para agradar aos outros. Tudo isto faz parte de uma vocação, mas, porque fomos chamados, há algo mais do que uma mera escolha pragmática da nossa parte. Em última análise, é reconhecer o fim para que fui feito, o objetivo da minha passagem por esta terra, o plano do Senhor para a minha vida. Não me indicará todos os lugares, tempos e detalhes, que eu posso escolher prudentemente, mas certamente há uma orientação da minha vida que Ele me deve indicar, porque é o meu Criador, o meu oleiro, e eu preciso de escutar a sua voz para me deixar moldar e conduzir por Ele. Então serei o que devo ser, e serei também fiel à minha realidade pessoal.

Para realizar a própria vocação, é necessário desenvolver-se, fazer germinar e crescer tudo aquilo que uma pessoa é. Não se trata de inventar-se, criar-se a si mesmo do nada, mas descobrir-se a si mesmo à luz de Deus e fazer florescer o próprio ser: Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação. A tua vocação orienta-te para tirares fora o melhor de ti mesmo para a glória de Deus e para o bem dos outros. Não se trata apenas de fazer coisas, mas fazê-las com um significado, uma orientação. A propósito, Santo Alberto Hurtado dizia aos jovens que se deve tomar muito a sério o rumo: Num barco, o piloto negligente é despedido sem remissão, porque joga com algo demasiado sagrado. E nós, na vida, cuidamos do nosso rumo? Qual é o teu rumo? Haveria necessidade de nos determos ainda mais sobre esta questão; peço a cada um de vós que lhe dê a máxima importância, porque acertar nisto equivale simplesmente a ter êxito; e não o conseguir é simplesmente falhar.

Normalmente, este ser para os outros na vida de cada jovem está relacionado com duas questões fundamentais: a formação de uma nova família e o trabalho. As várias sondagens que foram feitas aos jovens confirmam repetidamente que estes são os dois temas principais que os preocupam e entusiasmam. Ambos devem ser objeto dum discernimento especial.

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