domingo, 30 de junho de 2019

Christus vivit: A vocação – O amor e a família – nºs 259 a 267


Nºs 259 a 267

Os jovens sentem fortemente a chamada ao amor e sonham encontrar a pessoa certa com quem formar uma família e construir uma vida juntos. Sem dúvida, é uma vocação que o próprio Deus propõe através dos sentimentos, anseios, sonhos. Debrucei-me largamente sobre este tema na Exortação Apostólica Amoris laetitia, convidando todos os jovens a lerem especialmente os capítulos IV e V.

Apraz-me pensar que dois cristãos que se casam reconheceram na sua história de amor o chamado do Senhor, a vocação a formar de duas pessoas, varão e mulher, uma só carne, uma só vida. E o sacramento do Matrimônio corrobora este amor com a graça de Deus, arraigando-o no próprio Deus. Com este dom, com a certeza desta vocação, é possível começar com segurança, sem medo de nada, para juntos enfrentar tudo!

Neste contexto, lembro que Deus nos criou sexuados. Ele próprio criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para as suas criaturas. Dentro da vocação para o matrimônio, devemos reconhecer, agradecidos, que a sexualidade, o sexo são um dom de Deus. Sem tabus. São um dom de Deus, um dom que o Senhor nos dá. E fá-lo com dois propósitos: amar-se e gerar vida. É uma paixão, é o amor apaixonado. O verdadeiro amor é apaixonado. O amor entre um homem e uma mulher, quando é apaixonado, leva-te a dar a vida para sempre. Sempre. E a dá-la com corpo e alma.

Salientamos que a família continua a ser o principal ponto de referência para os jovens. Os filhos apreciam o amor e os cuidados recebidos dos pais, têm a peito os laços familiares e esperam conseguir, por sua vez, formar uma família. Sem dúvida, o aumento de separações, divórcios, segundas uniões e famílias monoparentais pode causar grandes sofrimentos e crises de identidade nos jovens. Por vezes, têm de assumir responsabilidades desproporcionadas para a sua idade, forçando-os a tornar-se adultos antes do tempo. Muitas vezes, os avós prestam uma contribuição decisiva no afeto e na educação religiosa: com a sua sabedoria, são um elo decisivo na relação entre gerações.

Estas dificuldades, encontradas na família de origem, levam certamente muitos jovens a interrogar-se se vale a pena formar uma nova família, ser fiéis, ser generosos. Quero dizer-vos que sim, que vale a pena apostar na família e que nela encontrareis os melhores estímulos para amadurecer e as mais belas alegrias para partilhar. Não deixeis que vos roubem a possibilidade de amar a sério. Não permitais que vos enganem quantos vos propõem uma vida desenfreada e individualista que acaba por levar ao isolamento e à pior solidão.

Reina hoje a cultura do provisório, que é uma ilusão. Julgar que nada pode ser definitivo é um engano e uma mentira. Muitas vezes ouvis dizer que hoje o casamento está “fora de moda”. Na cultura do provisório, do relativo, muitos pregam que o importante é “curtir” o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas. Em vez disso, peço-vos para serdes revolucionários, peço-vos para irdes contracorrente; sim, nisto, peço que vos rebeleis: que vos rebeleis contra esta cultura do provisório que, no fundo, crê que vós não sois capazes de assumir responsabilidades, crê que vós não sois capazes de amar de verdade. Ao contrário, eu tenho confiança em vós e, por isso, vos encorajo a optar pelo matrimônio.

É necessário preparar-se para o matrimônio; isto requer educar-se a si mesmo, desenvolver as melhores virtudes, sobretudo o amor, a paciência, a capacidade de diálogo e de serviço. Implica também educar a própria sexualidade, para que seja sempre menos um instrumento para usar os outros, e cada vez mais uma capacidade de se doar plenamente a uma pessoa, de maneira exclusiva e generosa.

Ensinam os bispos da Colômbia que Cristo sabe que os esposos não são perfeitos e que precisam de superar a sua fragilidade e inconstância para que o seu amor possa crescer e durar no tempo. Por isso, concede aos esposos a sua graça que é, simultaneamente, luz e força que lhes permite realizar o seu projeto de vida conjugal de acordo com o plano de Deus.

Àqueles que não são chamados ao matrimônio nem à vida consagrada, devemos sempre lembrar-lhes que a primeira e a mais importante vocação é a batismal. As pessoas não casadas, mesmo que não o sejam por opção, podem tornar-se de modo particular testemunhas da vocação batismal no seu caminho de crescimento pessoal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário