Neste primeiro domingo depois do Natal, a
liturgia convida-nos a celebrar a festa da Sagrada Família de Nazaré. De fato,
todos os presépios nos mostram Jesus com Nossa Senhora e são José, na gruta de
Belém. Deus quis nascer numa família humana, quis ter uma mãe e um pai, como
nós.
E hoje o
Evangelho apresenta-nos a sagrada Família no doloroso caminho do exílio, em
busca de refúgio no Egito. José, Maria e Jesus experimentam a condição
dramática dos errantes, marcada por medo, incerteza e dificuldades.
Infelizmente, nos nossos dias, milhões de famílias podem reconhecer-se nesta
triste realidade. Quase todos os dias a televisão e os jornais dão notícias de refugiados
que fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de segurança e
de uma vida digna para si e para as suas famílias.
Em terras
distantes, mesmo quando encontram trabalho, nem sempre encontram acolhimento
verdadeiro, respeito, apreço dos valores dos quais são portadores. As suas
expectativas legítimas entram em conflito com situações complexas e
dificuldades que às vezes parecem insuperáveis. Portanto, enquanto olhamos para
a Sagrada Família de Nazaré no momento em que foi obrigada a tornar-se errante,
pensemos no drama daqueles migrantes e refugiados que são vítimas da rejeição e
da exploração, que são vítimas do tráfico de pessoas e do trabalho escravo.
Pensemos também nos outros exilados escondidos, os que existem dentro das
próprias famílias: os idosos, por exemplo, que muitas vezes são tratados como
presenças incômodas. Penso que um sinal para saber como está uma família é
observar como são tratadas crianças e idosos.
Jesus quis
pertencer a uma família que enfrentou estas dificuldades, para que ninguém se
sinta excluído da proximidade amorosa de Deus. A fuga para o Egito devido às
ameaças de Herodes mostra-nos que Deus está presente onde o homem está em
perigo, onde o homem sofre, para onde se refugia, onde experimenta a rejeição e
o abandono; mas Deus está também onde o homem sonha, espera voltar à pátria em
liberdade, projeta e escolhe a vida e a dignidade para si e para os seus
familiares.
Hoje o nosso
olhar para a sagrada Família deixa-se atrair também pela simplicidade da vida
que ela conduz em Nazaré. É um exemplo que faz muito bem às nossas famílias,
ajuda-as a tornar-se cada vez mais comunidades de amor e de reconciliação, nas
quais se sente a ternura, a ajuda e o perdão recíprocos.
Papa Francisco – 29 de
dezembro de 2013
Hoje celebramos:
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