Na primeira Leitura de hoje há o homem que, nos
primórdios, diz não a Deus e no Evangelho há Maria que, na
Anunciação, diz sim a Deus. Em ambas as Leituras é Deus quem procura
o homem. Mas no primeiro caso vai ter com Adão, depois do pecado, e
pergunta-lhe: Onde estás? e ele responde: Ocultei-me. No segundo caso, ao
contrário, vai ter com Maria, sem pecado, a qual responde: Eis a serva do
Senhor! Eis-me é o oposto de ocultei-me.
O eis-me abre a Deus, enquanto o
pecado fecha, isola, leva-nos a permanecer sós conosco mesmos.
Eis-me é a palavra-chave da vida!
Assinala a passagem de uma vida horizontal, centrada em nós e nas nossas
necessidades, para uma vida vertical, projetada para Deus. Eis-me significa
estar disponível para o Senhor, é a cura para o egoísmo, mas é o antídoto
contra uma vida insatisfeita, à qual falta sempre algo. Eis-me é
o remédio contra o envelhecimento do pecado, é a terapia para permanecer jovem
dentro. Eis-me significa acreditar que Deus conta mais que o
meu ego. Significa escolher apostar no Senhor, dócil às suas surpresas. Por
isso, dizer-lhe eis-me é o maior louvor que lhe podemos oferecer.
Por que não começar assim os dias, com um “eis-me,
Senhor”? Seria bom dizer todas as manhãs: “Eis-me, Senhor, que hoje
se cumpra em mim a tua vontade!” Di-lo-emos na prece do Angelus, mas
juntos podemos repeti-lo já agora: Eis-me, Senhor, que hoje se cumpra
em mim a tua vontade!
Maria acrescenta: “Faça-se em mim segundo a tua
palavra”. Não diz: “Faça-se em mim segundo a minha vontade”, mas “segundo a
tua”. Não põe limites a Deus. Não pensa: Dedico-me um pouco a Ele, despacho-me
e depois faço o que eu quiser. Não, Maria não ama o Senhor quando lhe apetece,
de modo descontínuo. Vive confiando completamente em Deus. Eis o segredo da
vida. Tudo pode quem confia totalmente em Deus.
Papa Francisco – 08 de
dezembro de 2018
Hoje celebramos:
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