A alegria do Natal ainda inunda os nossos
corações: continua a ressoar o maravilhoso anúncio de que Cristo nasceu para
nós e traz a paz ao mundo. Neste clima de júbilo, hoje celebramos a festa de
Santo Estêvão, diácono e protomártir.
Poderia parecer estranho relacionar a memória
de Santo Estêvão com o nascimento de Jesus, porque sobressai o contraste entre
a alegria de Belém e o drama de Estêvão, apedrejado em Jerusalém. Na realidade
não é assim, porque o Menino Jesus é o Filho de Deus que se fez homem, que
salvará a humanidade morrendo na cruz. Agora contemplamo-lo envolvido em faixas
no Presépio; depois da sua crucificação será novamente envolto em panos e
colocado num sepulcro.
Santo Estêvão morreu como Jesus: confiando
a própria vida a Deus e perdoando os seus perseguidores. Enquanto
o apedrejavam, disse: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! São
palavras totalmente semelhantes às pronunciadas por Cristo na cruz: Pai,
nas tuas mãos entrego o meu espírito!
A atitude de Estêvão, que imita fielmente o
gesto de Jesus, é um convite a cada um de nós, a receber com fé das mãos do
Senhor aquilo que a vida nos reserva de positivo e também de negativo. A nossa
existência é marcada não apenas por circunstâncias felizes, mas inclusive por
momentos de dificuldade e de desorientação. Mas a confiança em Deus ajuda-nos a
aceitar os momentos difíceis e a vivê-los como ocasião de crescimento na fé e
de construção de novas relações com os irmãos.
A segunda atitude, com a qual Estêvão imitou
Jesus no momento extremo da cruz, é o perdão. Ele reza por seus
perseguidores: Posto de joelhos, exclamou em voz alta: “Senhor, não lhes
imputes este pecado”. Somos chamados a aprender dele a perdoar sempre.
O perdão dilata o coração, gera partilha, proporciona serenidade e paz.
O protomártir Estêvão indica-nos o caminho a
percorrer nos relacionamentos interpessoais, em família, nos lugares de escola
e de trabalho, na paróquia e nas várias comunidades. Sempre abertos ao perdão!
Mas o perdão cultiva-se com a oração, que nos
permite manter o olhar fixo em Jesus. Estêvão foi capaz de perdoar os seus
assassinos porque, cheio de Espírito Santo, fitou o céu conservando os olhos
abertos para Deus. Da oração ele recebeu a força para padecer o martírio. Temos
que rezar com insistência ao Espírito Santo para que derrame sobre nós o dom da
fortaleza que cura os nossos temores, as nossas debilidades, a nossa pequenez,
dilatando o coração para perdoar. Perdoar sempre!
Papa Francisco – 26 de
dezembro de 2018
Hoje celebramos:
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