O santo Sigismundo
Gorazdowski se tornou famoso pela devoção fundada na celebração e na adoração
da Eucaristia. Viver a oferta de Cristo estimulou-o a dedicar-se aos doentes,
aos pobres e aos necessitados.
Papa
Bento XVI – Homilia de Canonização – 23 de outubro de 2005
Sigismundo
Gorazdowski nasceu em Sanok (Polônia), a primeiro de novembro de mil
oitocentos e quarenta e cinco, numa família, onde se valorizava e respeitava
muito os princípios da religião católica. De saúde frágil desde a infância,
desejou ajudar aos outros doentes e por isso, após concluir o ensino de segundo
grau, entrou na faculdade de direito da Universidade de Lwow. Já estudante de
segundo ano, descobriu a vocação para o sacerdócio, interrompendo o curso de
direito, entrou para o Seminário Maior em Lwow. Lá experimentou uma prova de
fé: a doença evoluiu a tal ponto, agravando o seu estado de saúde com risco de
vida e, por isso, foi suspensa a sua ordenação sacerdotal. Os seus amigos,
vendo esse drama pessoal, escreveram em suas memórias: «A não admissão à
ordenação sacerdotal foi para Sigismundo um golpe muito doloroso, sofreu moral
e fisicamente, mas não perdeu a confiança no Senhor Deus». Dois anos depois, o
seu estado de saúde melhorou tanto, que pôde receber o Sacramento da Ordem na
Catedral de Lwow, no dia 25 de julho de 1871.
Único desejo do
beato Sigismundo Gorazdowski foi: “ser tudo para todos, para salvar pelo menos
um”.
Já nas primeiras
paróquias que ocupou deixou que fosse reconhecido nele um carisma excepcional
de unir o trabalho sacerdotal com o trabalho caritativo. Descobrindo a grande
pobreza espiritual de seus fiéis e várias dificuldades no anúncio da mensagem
evangélica, elaborou e editou Catecismo, que teve a tiragem de mais de cinquenta
mil exemplares. Para os jovens de ambos os sexos também preparou e editou
Conselhos e Admoestações. Valorizando muito os dons dos santos Sacramentos,
especialmente o da Eucaristia, iniciou
na arquidiocese de Lwow a prática da Primeira Comunhão comunitária para as
crianças. Foi também o grande
propagador de lembranças da primeira comunhão e do sacramento da crisma.
Padre Sigismundo, a
exemplo de Cristo, esforçou-se para nunca excluir ninguém de sua ação
caritativa, especialmente os marginalizados pela sociedade. Como por exemplo,
durante a grande epidemia de cólera, esquecendo-se de si mesmo, corria com o
seu serviço sacerdotal e ajuda material, colocando com suas próprias mãos as
vítimas fatais nas urnas funerárias. Até os judeus, com admiração, beijavam sua
roupa, vendo nele um homem santo.
Em 1877, Padre Sigismundo
iniciou suas atividades sacerdotais e beneficentes em Lwow. Como vigário,
administrador paroquial e depois pároco, assumiu o trabalho de catequista em
várias escolas. Continuou engajado no seu trabalho de editor e redator. Conseguiu
mais tiragens de seu Catecismo,
preparou e editou Princípios e Normas de
Boa Educação para os pais e educadores. Publicou também muitos artigos,
principalmente pastorais, sociais e pedagógicos. Criou a Sociedade Bom Pastor para auxiliar os sacerdotes e uma revista com
o mesmo título.
Durante o seu
mandato de secretário do Instituto dos Cristãos Pobres em Lwow, fundou a Casa
de Trabalho Benévolo para os mendigos sem lar, onde se encontravam também as
crianças. Como consta nos Relatórios dessa Casa, «muitos pobres...abandonaram a
mendicância e, recuperando a sua dignidade, voltaram à vida decente ». Da
iniciativa do Padre Sigismundo, conhecido cada vez mais como Padre dos Mendigos e Pai dos Pobres,
começou a funcionar em Lwow a Cozinha
Popular, servindo refeições a baixo custo aos trabalhadores, estudantes,
crianças e aos pobres da cidade.
O abrigo para Incuráveis e Convalescentes
foi uma obra de misericórdia cristã em resposta às necessidades de pessoas
sofredoras e doentes, vítimas de uma lei do governo, que obrigava os enfermos a
abandonarem o hospital após seis semanas de internação, independentemente do
estado de saúde. Escreveram na época do padre Gorazdowski: “Quando ninguém soube acolher os infelizes e doentes desenganados...
ele pensou em construir um Abrigo aos infelizes”.
Padre Sigismundo
fundou também, para os pobres estudantes de escola pedagógica, Internato de São Josafá que foi
responsável pela formação de vários ilustres da época.
Não se pode
esquecer do Instituto Menino Jesus
para as mães solteiras e as crianças abandonadas, onde foram salvas cerca de
3.000 crianças e inúmeras mães.
Padre Sigismundo
atuou ainda na Sociedade de Santa Salomé, auxiliando as viúvas pobres com seus
filhos e também na Sociedade das costureiras pobres.
Foi co-fundador da
Associação das Sociedades Beneficentes na Galícia que coordenava e dirigia
todas as obras cristãs de misericórdia.
O beato, para
proteger as crianças católicas da indiferença e do ateísmo, fundou a Escola Católica polono-alemã e confiou
a sua direção aos Irmãos das escolas cristãs. Respondendo ao apelo do Santo
Padre para editar e propagar jornais e revistas a baixo custo para o povo,
iniciou a publicação do Jornal Diário.
A fundação da
escola e publicação do jornal enfrentaram grande oposição dos inimigos da Igreja,
o que proporcionou muitas aflições, sofrimentos, incompreensões e humilhações
ao padre Sigismundo, praticamente até a sua morte.
Para dirigir a
maioria de suas obras beneficentes, padre Sigismundo engajou as terciárias
franciscanas, preocupando-se com a sua formação adequada e aprovação
eclesiástica como Congregação das Irmãs de São José (irmãs josefinas). O dia 17
de fevereiro de 1884 é a data oficial de sua fundação. À medida que a
Congregação crescia, o fundador ia introduzindo as irmãs no serviço aos
necessitados, nos hospitais, orfanatos, jardins de infância, recomendando
também a assistência aos doentes em casas particulares. Ele mesmo tornou-se um
exemplo para as irmãs na união com Deus pela oração e na dedicação heroica aos
necessitados, de onde vem o lema, amadurecido cada vez mais na vida da
Congregação: coração em Deus, mãos ao
trabalho.
A Congregação das
Irmãs de São José, fiel ao carisma de seu Fundador, dirige institutos
educacionais, engaja-se no trabalho catequético, serve aos doentes, sofredores
e vítimas de todo tipo de pobreza.
A Congregação atua
na Polônia, Alemanha, França, Itália, Ucrânia e nas missões da África e da
América do Sul.
Sigismundo
Gorazdowski morreu no dia primeiro de janeiro de 1920 em Lwow. Na época, se
dizia que ele era o olho do cego, a perna
do coxo e o pai dos pobres.
Seu processo de
beatificação foi iniciado em 1989. No dia 26 de junho de 2001 o Santo Padre
João Paulo II beatificou esse Apóstolo da Misericórdia Divina, cuja memória é
celebrada no dia 26 de junho. O Papa Bento XVI o canonizou no dia 23 de outubro
de 2005 na Conclusão do Sínodo dos Bispos do Ano da Eucaristia.
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