quinta-feira, 20 de junho de 2019

20 de junho - Corpus Christi


Jesus, como sinal da sua presença, escolheu pão e vinho. Com cada um dos dois sinais doa-se totalmente, e não só uma parte de si. O Ressuscitado não está dividido. Ele é uma pessoa que, mediante os sinais, se aproxima de nós e se une a nós.

Durante a procissão e a adoração nós olhamos para a Hóstia consagrada o tipo mais simples de pão e de alimento, feito apenas com farinha e água. Assim vemo-lo como o alimento dos pobres, aos quais em primeiro lugar o Senhor destinou a sua proximidade. 

Nele está contida a fadiga humana, o trabalho quotidiano de quem cultiva a terra, semeia e recolhe e finalmente prepara o pão. Contudo o pão não é simples e somente o nosso produto, uma coisa feita por nós; é fruto da terra e, portanto, também dom.

Jesus nos diz: "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto" (Jo 12, 24). No pão feito de grãos moídos está encerrado o mistério da Paixão.

A farinha, o grão moído, pressupõe morrer e ressuscitar do grão. Ao ser moído e cozido ele tem em si mais uma vez o mesmo mistério da Paixão. Só através do morrer consegue ressuscitar, dá o fruto e a vida nova. As culturas do Mediterrâneo, nos séculos antes de Cristo, intuíram profundamente este mistério. Com base na experiência deste morrer e ressurgir conceberam mitos de divindades que, morrendo e ressuscitando, davam vida nova.

Quando nós olhamos para a Hóstia consagrada em adoração, o sinal da criação fala-nos. Então encontramos a grandeza do seu dom; mas encontramos também a Paixão, a Cruz de Jesus e a sua ressurreição. Mediante este olhar em adoração, Ele atrai-nos para si, para dentro do seu mistério, por meio do qual nos quer transformar como transformou a Hóstia.

A Igreja primitiva encontrou ainda no pão outro simbolismo: "Assim como este pão partido estava disperso pelas colinas e ao ser recolhido se tornou uma só coisa, também a tua Igreja dos confins da terra seja reunida no teu Reino". O pão feito por muitos grãos encerra também um acontecimento de união: o tornar-se pão dos grãos moídos é um processo de unificação. Nós próprios, sendo muitos, devemos tornar-nos um só pão, um só corpo.

De maneira análoga nos fala também o sinal do vinho. Mas, enquanto o pão nos remete para ao cotidiano, para a simplicidade e para a peregrinação, o vinho expressa o requinte da criação: a festa da alegria que Deus nos quer oferecer no fim dos tempos e que já antecipa agora sempre de novo levemente mediante este sinal. Mas o vinho também fala da Paixão: a videira deve ser podada repetidamente para assim ser purificada; as uvas devem amadurecer sob o sol e sob a chuva e deve ser esmagada: só através desta paixão amadurece um vinho precioso.

Na festa de Corpus Christi olhamos sobretudo para o sinal do pão. Ele recorda-nos também a peregrinação de Israel durante os quarenta anos no deserto. A Hóstia é o nosso maná com o qual o Senhor nos alimenta é verdadeiramente o pão do céu, mediante o qual Ele se doa a si mesmo. Na procissão nós seguimos este sinal e assim seguimos a Ele próprio. 
Papa Bento XVI – 15 de junho de 2006

Hoje celebramos:


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