O caminho espiritual da
Beata Maria do Sagrado Coração de Jesus - Maria Schininà Arezzo – é movido pela
profunda penetração do amor de Deus, como Se revela no símbolo do Coração de
Jesus; este amor reluziu em sua espiritualidade na contemplação, adoração e
reparação.
Renunciando ao luxo e
futilidade de cerimônias vazias do Palazzo Gentilizio, ela começou uma vida de
serviço totalmente dedicado dos pobres, seguindo o exemplo de Jesus, que em seu
amor pelos homens fez-se bom samaritano de todos os sofrimentos humanos.
Os pobres, para nossa
beata, eram os doentes e os idosos, os ignorantes os necessitados de educação
os mineiros das minas de betume e de enxofre que não conheciam a Deus, os que precisavam
do catecismo nos presídios, onde pregava cursos e exercícios espirituais para a
Páscoa. Quantos pecadores públicos, que se mostraram sensíveis às suas
iniciativas de caridade!
A beatificação de
Schininà na conclusão do sínodo episcopal sobre a formação sacerdotal, é uma
providência divina. A beata foi um
sustento válido para numerosos sacerdotes, a quem ela serviu e venerou, como
ministro da Reconciliação e da Eucaristia. Quantos sacerdotes ela protegia
intensamente na vocação e também ajudava economicamente durante a vida no
seminário!
Esse testemunho heroico
de caridade evangélica é o "fruto" que a Beata Schininà conseguiu
trazer à Igreja e à Sociedade, pois permaneceu intimamente unida ao Senhor. Seu
carisma permanece sempre vivo e presente na forma providencialmente operante do
Apostolado de suas Filhas: as Irmãs do Sagrado Coração de Jesus.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 04 de novembro de 1990
A Beata Maria
Schininà Arezzo era de família nobre. Foi a quinta de seis filhos dos Barões de
São Felipe e do Monte. Nasceu em Ragusa, Itália, a 10 de abril de 1844. Teve
por preceptor na casa paterna um padre de grande virtude.
Quando era criança
comungava duas vezes por mês e na adolescência de oito em oito dias. Apesar de
tão bons princípios, a jovem deixou-se arrastar pelas vaidades do mundo. Mas
não largou as práticas de piedade nem interrompeu os atos de caridade. Conduziu
vida senhoril até que aos 22 anos perdeu o pai e isto a afligiu vivamente, mas
nem por isso se apartou das vaidades mundanas; casados todos os irmãos,
permaneceu só com sua mãe.
Aos 30 anos,
inexplicavelmente, passou a assistir a Santa Missa diariamente, comungar com
frequência, visitar e socorrer os pobres e doentes, e ir à igreja para fazer
companhia a Jesus Sacramentado. Vestia-se com modéstia e ensinava o catecismo
às crianças. Foi chamada pelo carmelita Salvatore La Perla a dirigir as Filhas
de Maria dedicadas ao socorro dos pobres.
Tornou-se apóstola
fervorosa da devoção ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora do Rosário.
Mandou fazer uma coroa para a Virgem desfazendo-se de todas as suas joias para
aquele efeito. Começou a sentir atração pela vida consagrada no mosteiro de clausura
de Malta, mas o pároco aconselhou-a a ficar com a mãe já idosa e a cuidar dela.
Em 1884, ao morrer a
mãe, desejou se retirar para o mosteiro, mas desta vez foi o Arcebispo de
Siracusa que a persuadiu a fundar um Instituto religioso que se dedicasse a
obras de caridade.
A partir do ano
seguinte conseguiu juntar algumas companheiras que se empenharam com ela na
instrução e educação da juventude, na proteção aos órfãos e na assistência aos
idosos e doentes. Em 9 de maio de 1889 o próprio Arcebispo presidiu a Santa
Missa em que a Beata e cinco companheiras fizeram os votos de pobreza,
castidade e obediência, tomando o nome de Irmãs do Sagrado Coração de Jesus.
O Papa Leão XIII a
recebeu em audiência em 1890. Em 1892 ela iniciou a construção da primeira casa
do Instituto, que se tornaria a Casa-mãe.
Foi chamada para
organizar em Ragusa a Associação das Damas de Caridade; hospedou em seu
Instituto, de 1906 a 1908, as primeiras monjas carmelitas da cidade; de 1908 a
1909, deu asilo aos afetados pelo desastroso terremoto que destruiu Messina e
Reggio Calabria.
O começo do Instituto
foi difícil; a hábil fundadora superou todos os vexames e adversidades. Para
socorrer a todos os necessitados não se envergonhava de pedir esmolas de porta
em porta, o que para ela, que tinha sido rica, significava um ato de humildade
fora do comum.
Interessou-se não
apenas pelos necessitados de bens materiais, mas sobretudo pelos que precisavam
de auxílio espiritual como eram os que se achavam em perigo de perder a fé. Sua
caridade não tinha limites, estendeu-se também aos presos, aos quais pregava
cursos de exercícios espirituais por ocasião da Páscoa. Todos os anos ela se
empenhava para que os operários recebessem os sacramentos da confissão e da
comunhão; as pecadoras públicas se mostravam sensíveis às suas iniciativas de
caridade.
Madre Maria do
Sagrado Coração de Jesus mortificava o próprio corpo e a mente; sofria de dores
de cabeça constantes, mas não se permitia um só lamento, considerando-se feliz
por participar da coroação de espinhos de Jesus. A sua vida era toda feita de
oração e de fé, a ponto de imprimir em seu próprio peito o nome de “Jesus” com
ferro quente.
Levar o “Coração de Deus às pessoas, e as pessoas
ao Coração de Deus”, assim viveu a Beata até o seu falecimento em 11 de
junho de 1910. As suas virtudes heroicas foram oficialmente reconhecidas em 13
de maio de 1989 e em 4 de novembro de 1990 foi beatificada. O palácio onde
nasceu é hoje a sede do Episcopado de Ragusa.
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