Bernardo Maria de Jesus, batizado com o nome de
César Silvestrelli, nasceu em Roma no dia 7 de novembro de 1831, da nobre
família Silvestrelli-Gozzani. Teve dois irmãos e duas irmãs.
Frequentou o Colégio Romano dirigido pelos
Jesuítas e foi um estudante dinâmico, inscrevendo-se na Associação Caravita na
qual era dispensada uma fervorosa formação religiosa e sugerida a prática duma
religiosidade intensa e transformante.
César assistia aos ofícios no oratório, o que o
levou rapidamente à prática dos exercícios espirituais e à descoberta do
verdadeiro apostolado. De 1847 a 1854, prosseguiu os seus estudos na casa
paterna sob a direcção dum mestre contratado para esse fim.
Em janeiro de 1854, decidiu entrar na
congregação dos Passionistas. Em 21 de Fevereiro do mesmo ano ingressou no
mosteiro de São João e São Paulo para ali seguir um curso de exercícios
espirituais. Este tempo de oração e meditação foi determinante para o jovem
romano visto que nesta mesma data tomou a decisão de entrar no noviciado dos
Passionistas do Monte Argentário.
No dia 7 de abril seguinte vestiu o hábito dos
Passionistas e tomou o nome de Luís do Sagrado Coração de Maria, começando
assim o seu noviciado. Um pouco inclinado à melancolia, teve saudades da casa
paterna, mas não quis voltar, permanecendo no mosteiro como convidado. Ali
estudou teologia e se preparou para o sacerdócio.
Foi ordenado sacerdote no Monte Argentário em
22 de dezembro de 1855, fazendo a profissão religiosa a 28 de abril de 1857, no
Noviciado de Morrovalle, onde teve como companheiro o futuro São Gabriel de
Nossa Senhora das Dores.
Muito cedo foi designado para desempenhar
importantes serviços na Congregação.
Em 1861 tornou-se professor e diretor dos
estudantes em teologia. Quando em 1864 foram suprimidas as casas de Morrovalle
e de Recanati, o Padre Bernardo Maria foi chamado a Roma onde exerceu o cargo
de Mestre de noviços de 1865 até 1869. Ali escreveu o seu livro “Conferências
espirituais para uso dos noviços Passionistas”.
Em 1869 foi eleito Superior de casa da
Escadaria Santa (Scala Santa) e em 19 de setembro de 1870, véspera da violação
da Porta Pia, ajudou o Papa Pio IX, em visita aos Passionistas, a subir, de
joelhos, os degraus de Scala Santa. Numerosos foram aqueles que notaram que
durante todo este tempo de grandes transformações sociais, Frei Bernardo nunca
perdera a tranquilidade de espírito.
O seu “estado de serviço” é
eloquente:
Diretor de Estudantes, Mestre de Noviços,
Superior, Consultor Provincial e Superior Geral nos anos 1878-88 e 1893-1907.
Defensor intrépido do espírito da Congregação,
em circunstâncias particularmente difíceis, imprimiu um grande impulso ao
instituto Passionista no mundo. Sob a sua luminosa e vigilante orientação,
foram fundadas seis novas províncias e reorganizadas as que tinham sido postas
à prova pela supressão governativa em Itália e França.
Tendo renunciado ao generalato, recebeu, por
vontade do Papa, o título vitalício de Superior Geral honorário. Retirando-se
para Moricone, na Sabina, ali morreu de uma queda no dia 9 de dezembro de 1911,
com 80 anos de idade.
Foi beatificado por João Paulo II no dia 16 de outubro
de 1988. Trechos de sua homilia:
O Beato Bernardo Maria Silvestrelli
manteve firme a profissão de fé, com força e generosidade exemplares, quando,
em um período histórico difícil e contrastado da vida eclesial da cidade de
Roma, e apesar das oposições da família e das resistências da sociedade
política de sua época, dedicou-se a Deus, abraçando a vida religiosa dos Passionistas.
Ele confiava na obra da graça, quando
problemas de saúde pareciam impedir seus passos. Ele foi capaz de
descobrir, que a riqueza dessa graça podia ajudar aqueles que têm fé a superar
todos os obstáculos, uma vez que "os olhos do Senhor vigiam aqueles que o
temem, aqueles que esperam em sua graça, para libertá-lo da morte e nutri-lo em
tempo de fome ”(Sl 33, 18-19). Apoiado pela graça, Bernardo Maria
conseguiu, de fato, encontrar amigos e irmãos muito comprometidos, incluindo
São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, junto com quem pudesse caminhar no
caminho da perfeição religiosa.
A Providência ordenou que ele próprio se
tornasse um instrumento de misericórdia e graça, quando foi escolhido para
formar a juventude de sua comunidade e, em seguida, guiar sua Congregação
Passionista por muitos anos, defendendo-a dos perigos seculares de seu século,
promovendo seu desenvolvimento e confirmando os religiosos no difícil seguimento
de Cristo crucificado, o "sumo sacerdote", modelo e mestre de todo
sacerdote "semelhante em todas as coisas, como nós, excluindo o
pecado" (Hb 4:15 ).
O novo beato antes de tudo encoraja os
religiosos de sua Congregação a continuar com um espírito generoso na
disciplina austera da vida Passionista, a apresentar perante o mundo, uma
memória viva da paixão de Cristo. Ele então renova seu convite a todos os
fiéis para cultivarem no coração uma firme confiança na ajuda de Deus, mesmo
nos momentos difíceis da vida, porque o Senhor sempre permanece "amparo"
e "escudo" daqueles que confiam nele (Sl 33, 20).
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