Hoje lemos Evangelho da tempestade acalmada, em
que Deus se revela como o Senhor do mar. Jesus ameaça o vento e ordena ao mar
que se acalme, interpelando-o como se ele se identificasse com o poder
diabólico. Com efeito, segundo alguns textos na Bíblia o mar é considerado um
elemento ameaçador, caótico e potencialmente destruidor, que somente Deus, o
Criador, pode dominar, governar e acalmar.
O gesto
solene de acalmar o mar tempestuoso é claramente um sinal do senhorio de Cristo
sobre os poderes negativos e leva a pensar na sua divindade: "Quem é
Este –interrogaram-se admirados e cheios de terror os
discípulos – a Quem até o vento e o mar obedecem?"
A sua fé ainda não é sólida, mas está a
formar-se; é um misto de medo e de confiança; o abandono confiante de Jesus ao
Pai é, ao contrário, total e puro. Por isso, por este poder do amor, Ele pode
adormecer durante a tempestade, completamente seguro nos braços de Deus.
No entanto, virá o momento em que também Jesus
sentirá medo e angústia: quando chegar a sua hora, Ele sentirá sobre si mesmo
todo o peso dos pecados da humanidade, como uma onda alta que está prestes a
cair sobre Ele. Esta, sim, será uma tempestade terrível, não cósmica, mas
espiritual. Será o derradeiro e extremo assalto do mal contra o Filho de Deus.
Todavia, nessa hora Jesus não duvidou do poder
de Deus Pai e da sua proximidade, embora tenha tido que experimentar plenamente
a distância do ódio em relação ao amor, da mentira em relação à verdade e do
pecado em relação à graça. Experimentou este drama em si mesmo de maneira
dilacerante, especialmente no Getsémani, antes de ser preso, e depois durante
toda a paixão, até à morte na cruz. Nessa hora Jesus, por um lado, foi um só
com o Pai, abandonando-se plenamente a Ele; por outro,
enquanto solidário com os pecadores, foi por assim dizer separado e sentiu-se
como que abandonado por Ele.
Papa Bento XVI – 21 de
junho de 2009
Hoje celebramos:
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