sábado, 15 de fevereiro de 2020

15 de fevereiro - “Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer. Mc 8,2


“Jesus, ao ver as multidões, encheu-Se de compaixão por elas”. À luz disto, queria deter-me a refletir sobre uma questão muito debatida pelos nossos contemporâneos: o desenvolvimento.

Também hoje o olhar compassivo de Cristo pousa incessantemente sobre os homens e os povos. Olha-os ciente de que o projeto divino prevê o seu chamamento à salvação. Jesus conhece as insídias que se levantam contra esse projeto, e tem compaixão das multidões: decide defendê-las dos lobos, mesmo à custa da sua própria vida. Com aquele olhar, Jesus abraça os indivíduos e as multidões e entrega-os todos ao Pai, oferecendo-Se a Si mesmo em sacrifício de expiação.

Iluminada por esta verdade pascal, a Igreja sabe que, para promover um desenvolvimento integral, é necessário que o nosso olhar sobre o homem seja idêntico ao de Cristo. De fato, não é possível de modo algum separar a resposta às necessidades materiais e sociais dos homens da satisfação das necessidades profundas do seu coração. Isto deve ser ressaltado muito mais numa época como a nossa, de grandes transformações, em que nos damos conta de forma cada vez mais viva e urgente da nossa responsabilidade em relação aos pobres do mundo.

Por conseguinte, o olhar de Cristo sobre a multidão obriga-nos a afirmar os verdadeiros conteúdos daquele humanismo total que, consiste no desenvolvimento integral do homem todo e de todos os homens. Por isso, a primeira contribuição que a Igreja oferece para o desenvolvimento do homem e dos povos não se consubstancia em meios materiais nem em soluções técnicas, mas no anúncio da verdade de Cristo que educa as consciências e ensina a autêntica dignidade da pessoa e do trabalho, promovendo a formação duma cultura que corresponda verdadeiramente a todas as exigências do homem.

Papa Bento XVI – 29 de setembro de 2005

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