Na primeira leitura o profeta Isaias faz-nos
compreender o que Deus condena: viver de aparências. Uma vida para aparecer,
sem verdade na realidade do coração das pessoas.
Aqueles que buscam as aparências, nunca se
consideram pecadores; e se tu lhes disseres: “Mas tu também és pecador!” —
“Mas, sim, todos temos pecados...”, relativizam tudo e voltam a tornar-se
justos. Procuram mostrar-se com a cara “de santinhos”, só aparência. E quando
há a diferença entre a realidade e a aparência o Senhor usa um adjetivo:
“hipócrita”.
A hipocrisia. Também nós podemos começar
esta Quaresma perguntando-nos: qual é a minha hipocrisia? Onde não sou
coerente, falta-me coerência entre a realidade e a aparência? Quando devo
disfarçar-me para esconder a minha realidade?
E eis que o profeta dá alguns exemplos. “O que
fazeis, hipócritas, no dia do vosso jejum? Só cuidais dos vossos negócios e
oprimis todos os vossos empregados. Jejuais entre rixas e disputas, dando
bofetadas sem dó nem piedade”. Esta é a hipocrisia. “Sou muito católico, muito
católica! Vou sempre à missa...”. Mas depois, o que fazes? És coerente? Ou há
esta hipocrisia entre a tua realidade e a tua aparência? “Não jejueis como
tendes feito até hoje”, diz o Senhor. “Mudai de vida. Sede coerentes”.
E depois, o profeta explica: “O jejum que me
agrada é este: libertar os que foram presos injustamente, livrá-los do jugo que
levam às costas, mandar em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de
opressão, repartir o teu pão com os famintos, dar abrigo aos infelizes sem
casa, atender e vestir os nus e não desprezar o teu irmão”. É verdade: este é o
jejum, são as obras de misericórdia. É o que Deus quer de nós.
A realidade deve estar unida à aparência. Devo
parecer o que sou. Este é o trabalho da Quaresma. E devemos ir em frente deste
modo. “Mas, Padre, não consigo, sou frágil...”. Bem, esta é a tua verdade,
obrigado por a dizeres. Pede ao Senhor a força e vai humildemente em frente,
com o que puderes. Mas não disfarces a alma, porque se disfarçares a alma, o
Senhor não te reconhecerá.
Papa Francisco – 08 de março
de 2019
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