"Pai dos pobres", o Papa Clemente XI pediu
aos Carmelitas para escreverem na tumba do padre Angelo Paoli no dia de sua
morte, em 20 de janeiro de 1720. Após 289 anos, em 3 de julho de 2009, o Papa Bento
XVI decidiu que o nome pelo Padre Angelo Paoli está escrito na lista dos
abençoados. Entre os dois episódios, quase trezentos anos se passaram, cheios
de intensos eventos históricos, nos quais a Igreja e o mundo sofreram muitas
mudanças e nos quais a sociedade mudou profundamente em seus valores e
características. No entanto, a realidade em que padre Angelo viveu não é tão
diferente da atual: pobreza, misérias e uma grande necessidade de anunciar o
Evangelho a todos, que os padres celebram a reconciliação e a Eucaristia,
anunciam o Ressuscitado, consolam os corações partidos, eles estão perto dos
pobres. Durante esses três séculos, desde a morte de Paoli até hoje, houve
muitas ocasiões para proclamar o frade carmelita abençoado, que dedicou sua
vida à oração e aos pobres. Mas Deus muitas vezes escreve a história de uma
maneira diferente de como os homens pensam e somente neste ano sacerdotal a
vida do padre Angelo pode brilhar à luz do magistério de Bento XVI.
Cardeal Angelo Amato –
Homilia de Beatificação – 25 de abril de 2010
O padre carmelita Angelo Paoli, apóstolo dos
pobres e dos doentes, viveu entre 1642 e 1720. A virtude que mais se destaca no
sacerdote carmelita, alimentada pela constante oração diante do Santíssimo, é a
caridade, “a atenção dedicada aos pobres e àqueles acometidos pela pobreza
moral e espiritual”.
Seu nome de batismo era Francisco. Desde
pequeno já manifestava sua vocação, quando em Argigliano, na Toscana, sua terra
natal, convidava seus amiguinhos a praticarem as virtudes e a abandonarem os
maus hábitos.
Muitos diziam que era um pequeno catequista, e
ele próprio conta em uma carta escrita a um amigo de sua juventude: “explicava
a eles a doutrina cristã e os conduzia às igrejas e, uma vez que, para
envolvê-los, costumava presenteá-los com alguma coisa, estes me seguiam
voluntariamente, e todos me queriam bem”.
Tinha apenas 12 anos quando perdeu a mãe,
evento que contribuiu para intensificar sua vida espiritual e a amadurecer sua
vocação. Aos 18 anos, ingressou no seminário. Ali sentiu ser chamado a uma vida
de oração e penitência. Tinha uma relação íntima com Nossa Senhora do Carmo, e
assim ingressou no convento dos frades carmelitas em Fivizzano. Em 1661
proferiu os votos solenes.
Seis anos mais tarde, recebeu a ordenação
sacerdotal. “Grande dignidade, grande potestade, fazer descer um Deus do
Céu a terra, libertar uma alma do purgatório e enviá-la ao Paraíso”,
dizia a respeito da vocação em um de seus escritos.
Padre Paoli quis em seguida dedicar mais tempo
à penitência e aos sacrifícios físicos. Começou a se debilitar, e acabou sendo
mandado de volta à casa de seu pai. Passava o dia conversando com os pastores e
conhecendo a vida das pessoas humildes e simples do campo, às quais ensinava a
orar e dedicava lições de catecismo. Descobriu assim que sua vocação deveria
ser orientada a cuidar dos mais pobres, podendo discernir “um chamado
dentro do chamado”.
Voltando à comunidade, padre Paoli é
transferido para Florença para se encarregar dos noviços. Na formação dos
aspirantes ao Carmelo, sublinhou a importância da força interior, do amor pelo
apostolado, da oração e do domínio das paixões.
Mais tarde, torna-se pároco em Corniola,
próximo a Empoli. Seus preferidos eram os pobres e os doentes. Trabalhou também
em Siena, Montecatini e Fivizzano.
Em 1687 recebe uma carta que anunciava sua
transferência para Roma, a fim de servir como professor dos noviços do convento
de São Martinho. Ali demonstrou sua preocupação para com os pobres que
mendigavam pelas ruas e visitou prisões. “Passou a servir os doentes e os
pobres, distribuiu comida e roupas. 300 pessoas eram por ele assistidas
diariamente”, disse seu postulador.
Preocupava-se também com os doentes do hospital
São João, da comunidade dos Carmelitas, situado próximo à Basílica de São João
em Latrão.
Quando os doentes deixavam o hospital, muitos
não tinham para onde ir, e Padre Paoli procurava famílias dispostas a
acolhê-los. Assim nasceu uma casa de convalescência, fundada por ele e que
funcionou por vários anos.
Outra característica sua era seu grande amor
pela cruz. “Sempre exibia a cruz onde podia”, sublinha Padre Grosso.
Queria também colocar uma cruz no Coliseu, “porque havia sido um local de
martírio, segundo a tradição, de muitos cristãos”. No interior deste,
organizava a Via Crucis.
Morreu em Roma em 1720. “Muitas pessoas
participaram de seu funeral, realizado no convento de São Martinho, após uma
espécie de procissão à Basílica de Santa Maria Maior, pois muitas pessoas
ficaram do lado de fora da igreja”.
“O Paraíso é um bem tão grande que vale
pena qualquer esforço para conquistá-lo”, escreveu certa vez Padre Paoli – “os
Santos, para conquistá-lo, trabalharam muito, sem se preocuparem em descansar”.
Angelo Paoli foi beatificado em 25 de abril de
2010, na Basílica de Latrão, em Roma.
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