Com a festa do Batismo de Jesus continua o
ciclo das manifestações do Senhor, que começou no Natal com o nascimento do
Verbo encarnado em Belém, contemplado por Maria, José e os pastores na
humildade do presépio, e que teve uma etapa importante na Epifania, quando o
Messias, através dos Magos, se manifestou a todas as nações.
Hoje Jesus revela-se, nas margens do Jordão, a
João e ao povo de Israel. É a primeira ocasião em que ele, como homem maduro,
entra no cenário público, depois de ter deixado Nazaré. Encontramo-lo junto do
Batista, que é procurado por um grande número de pessoas, num cenário insólito.
João pratica um batismo de penitência, um sinal
que convida à conversão, a mudar de vida, porque aproxima Aquele que "batizará
no Espírito Santo e no fogo". De fato, não se pode aspirar por um mundo
novo permanecendo imersos no egoísmo e nos costumes ligados ao pecado. Também
Jesus abandona a casa e as ocupações habituais para alcançar o Jordão. Chega ao
meio da multidão que está a ouvir o Batista e põe-se na fila como todos, à
espera de ser batizado. João, logo que o vê aproximar-se, intui que naquele
Homem há algo único, que é o misterioso Outro que esperava e para o qual estava
orientada toda a sua vida. Compreende que se encontra diante de Alguém maior
que ele e que não é digno nem sequer de lhe desatar a correia das sandálias.
Junto do Jordão, Jesus manifesta-se com uma
extraordinária humildade, que recorda a pobreza e a simplicidade do Menino
colocado na manjedoura, e antecipa os sentimentos com os quais, no final dos
seus dias terrenos, chegará a lavar os pés dos discípulos e sofrerá a humilhação
terrível da cruz. O Filho de Deus, Aquele que é sem pecado, coloca-se entre os
pecadores, mostra a proximidade de Deus ao caminho de conversão do homem. Jesus
carrega sobre os seus ombros o peso da culpa da humanidade inteira, inicia a
sua missão pondo-se no nosso lugar, no lugar dos pecadores, na perspectiva da
cruz.
Recolhido em oração, depois do baptismo,
enquanto sai da água, "o céu abriu-se e o Espírito Santo desceu";
ouviram-se palavras nunca antes pronunciadas: "Tu és o Meu Filho muito
amado; em Ti pus todo o Meu enlevo".
Se são os anjos que levam aos pastores o
anúncio do nascimento do Salvador, e as estrelas aos Magos vindos do Oriente,
agora é a própria voz do Pai que indica aos homens a presença no mundo do seu
Filho e que convida a olhar para a ressurreição, para a vitória de Cristo sobre
o pecado e sobre a morte.
Papa Bento XVI – 10 de
janeiro de 2010
Hoje celebramos:
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