domingo, 16 de fevereiro de 2020

Querida Amazônia: Injustiça e crime - nºs 09 a 11

Os interesses colonizadores que, legal e ilegalmente, fizeram – e fazem – aumentar o corte de madeira e a indústria minerária e que foram expulsando e encurralando os povos indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes, provocam um clamor que brada ao céu:

São muitas as árvores

onde morou a tortura
e vastas as florestas
compradas entre mil mortes».
«Os madeireiros têm parlamentares
e nossa Amazónia não tem quem a defenda (…)
Mandam em exílio os papagaios e os macacos (…)
Já não será igual a colheita da castanha.


Isto favoreceu os movimentos migratórios mais recentes dos indígenas para as periferias das cidades. Ali não encontram uma real libertação dos seus dramas, mas as piores formas de escravidão, sujeição e miséria. Nestas cidades caracterizadas por uma grande desigualdade, onde hoje habita a maior parte da população da Amazônia, crescem também a xenofobia, a exploração sexual e o tráfico de pessoas. Por isso o clamor da Amazônia não brota apenas do coração das florestas, mas também do interior das suas cidades.



Não é necessário repetir aqui as análises tão abrangentes e completas que foram apresentadas antes e durante o Sínodo. Mas lembremos ao menos uma das vozes ouvidas: 
“Estamos sendo afetados pelos madeireiros, criadores de gado e outros terceiros. Ameaçados por agentes econômicos que implementam um modelo alheio em nossos territórios. As empresas madeireiras entram no território para explorar a floresta, nós cuidamos da floresta para nossos filhos, dispomos de carne, pesca, remédios vegetais, árvores frutíferas. A construção de hidroelétricas e o projeto de hidrovias têm impacto sobre o rio e sobre os territórios. Somos uma região de territórios roubados”.

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