Austreberta (Austreberthe ou Eustreberta)
nasceu por volta de 630 em Marconne, perto de Hesdin, na diocese de Thérouanne,
na França. Seus pais eram ilustres: Badefrido, era um dos primeiros oficiais da
casa do Rei Dagoberto I; e sua mãe Frameilde ou Framechidis, da família dos
reis alemães, foi honrada como santa.
Desde pequena a Santa mostrava um fervor
incrível na oração e no exercício da meditação. Um dia, quando contemplava sua
imagem refletida na água, viu um véu sobre sua cabeça; aquela estranha
experiência lhe produziu uma impressão permanente.
Aos 12 anos, ao saber que a família a destinava
a um matrimônio, fugiu acompanhada de seu irmão mais novo e foi ter com Santo
Omer (595-670) bispo de Thérouane e abade de Abbeville, que lhe imporia o véu
de virgem consagrada a pedido dela, mas este, ao saber quem ela era, e pensando
o quão preocupados estariam seus pais, a persuadiu a voltar para casa.
Voltando para a família, Austreberta conseguiu
convencer os pais da beleza da via que escolhera. Decidiu assim viver a própria
vocação entrando no convento de Abbeville, dito Port-sur-Somme. Ali recebeu o
véu das mãos de Santo Audoaro.
Logo ganhou todos os corações com sua piedade e
humildade. Ela mesma estava feliz naquela comunidade tão devota e observante.
Conta-se que um dia, quando Austreberta assava
o pão para a comunidade, as chamas iam se extinguindo no forno quente. Os pães
estavam prontos e só faltava tirar as brasas. A Santa enfiou a vassoura que
pegou fogo e encheu o forno de chamas. Temendo que os pães queimassem, ela
primeiro fechou a porta da cozinha e depois, inclinando-se entre as chamas, que
não lhe fizeram nenhum mal, limpou o interior do forno com suas mãos e tirou os
pães. À jovem que assistiu perplexa a cena, Austreberta pediu que não dissesse
nada a ninguém, e continuou tranquilamente seu trabalho, sem nenhuma queimadura
nem em si nem nas roupas. A Santa relatou o fato ao seu confessor, que a
aconselhou a não mais repetir o fato.
Após 14 anos, São Felisberto, o fundador da
Abadia de Jumièges, procurou-a para que fosse governar o mosteiro feminino
fundado em Pavilly, Caux, perto de Rouen. O local e os fundos necessários para
a fundação tinham sido doados por Amalberto, senhor do local, cuja filha,
Aurea, também receberia o véu no novo mosteiro.
Santo Audoaro continuou a assistir Austreberta
com seus conselhos e abençoou a igreja da nova abadia, sem dúvida com a
autorização de Santo Audoeno, bispo do local.
Austreberta governou o mosteiro aliando a
doçura à firmeza. Dura consigo mesma, era cheia de bondade com as religiosas.
Ela não exigia nada que ela mesma não era a primeira a fazer. Uma noite em que
as monjas tinham voltado a dormir após a recitação de Matinas, Austreberta foi
ao dormitório para examinar se tudo estava em ordem. O ruído que ela fez
despertou a priora. Esta, que acreditava tratar-se de uma simples religiosa,
repreendeu-a por faltar com a regra e ordenou que por penitência ela fosse
rezar diante da cruz no centro do claustro. A Santa obedeceu sem replicar e
passou o resto da noite aos pés do crucifixo. A priora só percebeu seu engano
na manhã seguinte quando foi à igreja com as outras religiosas. Ela se
aproximou da abadessa e pediu-lhe perdão, que foi prontamente concedido.
Durante 40 anos Austreberta dirigiu a nova
fundação. Uma febre anunciou que sua morte estava próxima. Ela pediu para ser
levada ao local onde a comunidade se reunia e falou com grande unção sobre as
principais virtudes. Nos dias seguintes ela se tornou mais introspectiva. Após
receber o viático, faleceu tranquilamente: era o dia 10 de fevereiro, provavelmente
no ano de 704. As suas relíquias foram transferidas para Montreuil-sur-Mer por
ocasião das invasões normandas e hoje ela é patrona de Barentin, perto de
Rouen, cujo rio tomou o nome de Austreberthe.
A Santa fez construir três igrejas dedicadas à
Virgem Santíssima em Saint Martin e em Saint Pierre. Ela tornou-se famosa por
suas visões e pelos milagres que operou. Há uma cidade com o nome de
Sainte-Austreberthe em veneração a ela.
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