segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

27 de janeiro - Santo Henrique de Ossó y Cervelló


Henrique nasceu em Vinebre, Espanha, no dia 15 de outubro de 1840. Aos 14 anos, perdeu sua querida mãe, vítima do cólera. Esta perda prematura, despertou no jovem Henrique o desejo de ser sacerdote: “Serei sempre de Jesus, seu ministro, seu apóstolo, seu missionário de paz e de amor”.

Foi ordenado sacerdote aos 27 anos. Teve uma vida curta, pois morreu antes de completar 56 anos, mas nem por isso foi menos intensa na entrega a Deus e no serviço aos irmãos.
Profundamente movido pela experiência de ser criatura amada e acompanhada por Deus e pelo desejo de fazer com que outras pessoas também “Conhecessem e amassem a Jesus” desenvolveu uma série de atividades, atingindo especialmente as crianças e a mulher.
Sua vida toda foi a confirmação do desejo de ser ministro, apóstolo e missionário de Jesus. Desde muito jovem aproximou-se de Santa Teresa de Ávila, através da leitura de seus escritos. Cativado pelos ensinamentos e pela vida de Teresa, tornou-se um incansável propagador de sua doutrina, despertando nos seus leitores e seguidores admiração e amor.

Quem se aproxima de Henrique, inevitavelmente chega a Teresa. Santo Henrique foi o fundador da Companhia de Santa Teresa de Jesus, Congregação das Irmãs Teresianas e também do MTA. Apóstolo dos novos tempos, com a pregação e o apostolado da impressa, após grandes provações e sofrimentos, morreu em Gilet (Valência) a 27 de janeiro de 1896. Foi beatificado em 1997 e canonizado em Madri no dia 16 de junho de 1993 por João Paulo II.

O Beato Henrique de Ossó oferece-nos imagem viva do sacerdote fiel, perseverante, humilde, animoso diante das contradições, desprendido de todo o interesse humano, cheio de zelo apostólico pela glória de Deus e salvação das almas, ativo no apostolado e contemplativo na sua vida extraordinária de oração.

Não era fácil a época que lhe tocou viver, numa Espanha dividida pelas guerras civis do século XIX e alterada por movimentos laicistas e anticlericais, que pretendiam a transformação política e social, dando mesmo origem a sangrentos episódios revolucionários. Apesar de tudo, soube ele manter-se firme, intrépido na sua fé, na qual encontrou inspiração e força para projetar a luz do seu sacerdócio na sociedade do seu tempo. Com consciência clara de qual era a sua missão própria como homem da Igreja, que amava entranhadamente; sem buscar nunca protagonismos humanos em campos que eram alheios à sua condição; numa abertura a todos sem distinção, para melhorá-los e levá-los a Cristo. Cumpriu o seu propósito: “Serei sempre de Jesus, seu ministro, seu apóstolo e seu missionário de paz e de amor”.

Os trinta anos escassos, da sua vida sacerdotal deram lugar a um contínuo desabrochar de empreendimentos católicos bem meditados e abnegadamente executados, com impressionante confiança em Deus.

A sua existência foi feita de oração contínua que lhe alimentava a vida interior e lhe informava todas as obras. Na escola da grande Santa de Ávila aprende que a oração, esse trato de amizade com Deus, é meio necessário para uma pessoa conhecer e viver de verdade, para crescer na consciência de ser filha de Deus, para crescer no amor. E é, além disso, meio eficaz para transformar o mundo. Por esse motivo, será ele também apóstolo e pedagogo da oração. A quantas almas ensinou a orar com a sua obra o Quarto de hora de oração!

Este foi o segredo da sua profunda vida sacerdotal, aquilo que lhe deu alegria, equilíbrio e fortaleza; o que fez que ele — sacerdote, servidor e ministro de todos, sofrendo com todos, amando e respeitando a todos — se sentisse feliz por ser o que era, consciente de ter nas mãos dons recebidos do Senhor para a redenção do mundo, dons que ele, embora sentindo-se pequeno e indigno, oferecia, inspirado na infinita superioridade do mistério de Cristo, dons que enchiam a sua alma de gozo inefável. Testemunho e lição de vida eclesial plenamente válido para o sacerdote de hoje que — no exemplo dos Santos e nos ensinamentos ou normas da Igreja, não em sugestões ou teorias estranhas — pode encontrar orientação segura para conservar a sua identidade, para se realizar com plenitude.

Se quiséssemos assinalar agora um dos rasgos mais característicos da fisionomia apostólica do novo Beato, poderíamos dizer que foi um dos maiores catequistas do século XIX, o que o torna muito atual neste momento em que toda a Igreja reflete sobre o dever de catequizar que impende a todos os seus filhos.

Como catequista genial, distinguiu-se pelos escritos e pelo labor prático; atento em dar a conhecer, adequadamente e em sintonia com o magistério da Igreja, o conteúdo da fé, e em ajudar a vivê-lo. Os seus métodos ativos fizeram que se antecipasse às conquistas pedagógicas posteriores. Mas o objetivo que se propôs foi sobretudo dar a conhecer e despertar o amor a Deus, a Cristo e à Igreja, amor que é o centro da missão do verdadeiro catequista.

Nesta missão, percorreu todos os campos: o da infância, com as suas inesquecíveis catequeses em Tortosa (pelas crianças ao coração dos homens); o do mundo juvenil, com as Associações de jovens que chegaram a ter amplíssima difusão; o da família, com os seus escritos de propaganda religiosa, particularmente a Revista Teresiana; o dos operários, procurando dar a conhecer a doutrina social da Igreja; o da instrução e da cultura em que, atendendo à mentalidade da época, lutou para assegurar a presença do ideal católico na escola, a todos os níveis, incluído o universitário. Dedicou-se incansavelmente ao ministério da palavra falada, através da pregação, e da palavra escrita, através da imprensa como meio de apostolado.

Mas no seu afã de catequista, formou a sua obra predileta — que lhe consumiu a maior parte das energias —, a fundação da Companhia de Santa Teresa de Jesus.

Para estender o raio da ação dela no tempo e no espaço; para penetrar no coração da família; para servir a sociedade numa época em que a formação cultural começava a ser indispensável: chamou a si mulheres que podiam ajudá-lo em tal missão e entregou-se à tarefa de formá-las com esmero. Com elas deu começo ao novo Instituto, que se iria distinguir por estas características: como filhas do seu tempo, a estima dos valores da cultura; como consagradas a Deus, a entrega total ao serviço da Igreja; e como estilo próprio de espiritualidade, a assimilação da doutrina e dos exemplos de Santa Teresa de Jesus.

Poderíamos dizer que a Companhia de Santa Teresa de Jesus foi e é como que a grande catequese, organizada pelo Beato Osso para chegar à mulher, e por meio dela infundir nova vitalidade na sociedade e na Igreja.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 14 de outubro de 1979

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