Mattia Ciccarelli, filha de Domingos e Maria de
Perícolo, nasceu em Colle di Lucoli, província de L’Aquila (Itália), em 24 de
fevereiro de 1480. Foi a última de seis irmãos.
Desde a mais tenra idade, Mattia se distinguiu
pelas virtudes da obediência, humildade e modéstia. Seu amor pela oração a
levava a se retirar nos recantos mais escondidos da casa onde se prostrava
devotamente diante de uma imagem da Virgem da Piedade. Às orações unia constantemente
mortificações e rigorosos jejuns, flagelando seu corpo para apagar dele todo
sinal de beleza e impedir assim ser admirada, já que era muito bela.
Aos onze anos conheceu o Beato Vicente de
L’Aquila, que seria seu diretor espiritual e a quem confiou seu íntimo desejo
de consagrar-se por completo a Deus abraçando a vida religiosa.
Conta seu biografo que um dia Mattia ameaçou um
rapaz habituado a blasfemar e a ofender sobretudo Santo Antônio: “Se não
parares de blasfemar contra o santo abade, vejo um negro demônio sobre seus
ombros pronto para sufocar na garganta uma blasfêmia!” Tempos depois, o
jovem, cavalgando em um asno lento no caminhar, lançou uma blasfêmia contra
Santo Antônio; tendo sido lançado por terra pelo animal, fraturou o crânio e
teve uma morte pavorosa.
Em junho de 1505 Mattia entrou no Mosteiro de
Santa Lucia das Agostinianas observantes, em L’Aquila, onde tomou o véu e mudou
seu nome pelo de Cristina. A grande piedade, a submissão mais completa e a
absoluta humildade de que deu cotidianamente claras provas, lhe alcançaram em
breve a veneração de todas as irmãs de hábito que não tardaram em elegê-la
abadessa, cargo para o qual, muito a contragosto seu, foi reeleita repetidas
vezes.
Conhecida por sua santidade, por suas visões e
milagres realizados, Cristina era visitada continuamente por uma grande
multidão de pessoas das mais modestas às mais distinguidas.
Entre os diversos êxtases com que Deus quis
favorecê-la, dois são verdadeiramente admiráveis: o que ela teve em uma
solenidade da festa de Corpus Christi, quando foi encontrada erguida a mais de
cinco palmos do chão, enquanto sobre seu peito resplandecia a Hóstia Santa
dentro de um ostensório de ouro (é como a Beata costuma ser representada); e o segundo
aconteceu em uma Sexta-feira Santa e um Sábado Santo, nos quais, segundo sua
própria confissão, chegou a sentir em sua carne grande parte das dores da
Paixão de Nosso Senhor.
Devota de São Marcos, Cristina recitava o santo
rosário todos os dias em sua honra; um dia lhe apareceu São Martinho de Tours e
lhe perguntou: “Por que honras com tanto afeto São Marcos e não fazes o
mesmo comigo?”, desde então a Beata Cristina passou a rezar para ele e
a se recomendar a este santo.
De saúde precária e afligida por diversas
enfermidades, Cristina faleceu em 18 de janeiro de 1543. Iniciou-se então
um longo elenco de milagres e graças obtidos por sua intercessão: curou a chaga
de um lenhador, sarou duas feridas mortais de um oficial de justiça, obteve a
visão a um cego, curou a perna e o ombro de um dominicano, tornou são o fêmur
de um franciscano e livrou uma monja de uma terrível hemicrania.
Em 12 de outubro de 1908, quando o mosteiro das
agostinianas de Santa Lucia foi suprimido os restos mortais da Beata foram
trasladados para o Mosteiro de São Amico.
O culto público iniciado imediatamente após sua
morte foi confirmado por Gregório XVI em 1841.
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