São Remígio, apóstolo dos Francos, Arcebispo de Reims,
nascido em Cerny ou Laon, 437; falecido em Reims, 13 de janeiro de 533. Seu pai
foi Emile, conde de Laon. Ele estudou literatura em Reims e logo se tornou tão
conhecido por seu rápido aprendizado e visível santidade que foi eleito
arcebispo de Reims em seu vigésimo segundo ano de vida.
A partir de então, seu principal objetivo
tornou-se propagar o cristianismo no reino dos francos. Naquela época, a
região, que era toda pagã e constantemente assolada por sucessivas invasões dos
bárbaros, vinha sendo governada pelo povo franco, mais tarde conhecido como
francês. Embora menos evoluídos que os outros povos, eram conhecidos por serem
grandes combatentes. Além disso, já haviam prestado serviços militares a Roma
no passado.
Ao morrer o seu líder, rei Childerico, em 482, assumiu o trono seu filho Clóvis, com quinze anos de idade. Remígio, como bispo católico que era da diocese de Reims, escreveu-lhe muitas cartas respeitosas e, ao mesmo tempo, dotadas de autoridade:
“Um grande rumor nos chegou: diz-se que
tu acabas de tomar as rédeas do governo de nossa nação. Não surpreende que
sejas tu o que foram teus pais. Mas vela para que nunca te abandone o juízo de
Deus, a fim de que, por teus méritos, logres conservar esse posto que
conquistaste por tua indústria e nobreza, porque, como diz o vulgo, os atos do
homem se provam por seu fim. Rodeia-te de conselheiros que saibam acrescentar
tua honra. Sê casto e honesto; honra os sacerdotes e atende a seus conselhos,
pois se vives em harmonia com eles, darás o bem-estar ao país. Consola os
aflitos, protege as viúvas, alimenta os órfãos, faze com que todo mundo te ame
e te tema. De teus lábios saia a voz da justiça, deixa aberta a todo mundo a
porta de tua presença. Joga com os jovens, posto que és jovem, mas aconselha-te
com os anciãos. E se queres reinar, mostra-te digno disso”.
O rei Clóvis, apoiado por sua mulher, Clotilde,
que já era uma fervorosa católica, depois canonizada pela Igreja, converteu-se
à fé cristã por orientação espiritual de Remígio, sendo por este batizado. Na
oportunidade, toda a Corte se converteu e recebeu o mesmo sacramento ao lado do
seu soberano, que, instruído na doutrina cristã pelo bispo Remígio, institui-a
de vez nos seus domínios.
Mesmo antes de abraçar o cristianismo, Clóvis
havia beneficiado tanto o bispo quanto a catedral de Reims e, depois da batalha
de Tolbiac, pediu a Remígio que o batizasse em Reims (24 de dezembro de
496) na presença de vários bispos francos e alamanos, além de grande parte do
exército franco. Clóvis concedeu a Remígio extensões de território, nas
quais o último estabeleceu e dotou muitas igrejas.
Ele erigiu, com o consentimento papal, bispados
em Tournai, Cambrai, Terouanne, onde ele ordenou o primeiro bispo em 499;
Arras, onde foi alocado são Vaast; Laon, que ele deu ao seu sobrinho Gunband.
Os autores de “Gallia Christiana” registram
numerosas e generosas doações feitas a São Remigio por membros da nobreza
franca, que ele apresentou à catedral de Reims.
Em 517, ele realizou um sínodo, no qual, após
uma discussão acalorada, ele converteu um bispo de visões arianas.
Em 523 ele escreveu parabenizando o papa
Hormisdas por sua eleição.
São Medardo, Bispo de Noyon, foi consagrado por
ele em 530.
Suas relíquias foram guardadas na catedral de
Reims, de onde Hincmar as transladou para Epernay durante o período da invasão
dos nórdicos, daí, em 1099, no exemplo de Leão IX, à abadia de Saint-Remy. Seus
sermões, tão admirados por Sidônio Apolinário, não mais existem. De seus outros
trabalhos temos quatro cartas: a que contém sua defesa na questão de Cláudio,
duas escritas para Clóvis e uma quarta para o Bispo de Tongres.
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