Doutor da igreja, e um dos pioneiros no esforço
de conciliar cristianismo e filosofia platônica. O esforço de são Gregório de
Nissa para conciliar o cristianismo com elementos da filosofia platônica faz
dele um precursor do grande trabalho de síntese realizado mais tarde por santo
Agostinho. Foi um dos pais da teologia mística.
São Gregório de Nissa nasceu por volta do ano
340 em Cesaréia da Capadócia, na Anatólia. Inicialmente, o interesse pela
filosofia predominou sobre a influência religiosa dos padres com quem convivia:
são Basílio, de quem era irmão, e são Gregório Nazianzeno. Começou a vida como
professor de retórica. Algumas fontes afirmam que foi casado, mas depois
afastou-se de sua esposa. Na década de 360 voltou-se para os estudos religiosos
e para a devoção cristã.
Em 372, seu irmão Basílio Magno, bispo
metropolitano de Cesaréia, sagrou-o bispo de Nissa, pequena localidade da
Capadócia. Quatro anos depois foi deposto por ordem do imperador Valente,
partidário do arianismo, doutrina que negava a divindade de Cristo. Em 378,
após a morte de Valente, Gregório foi acolhido entusiasticamente em Nissa por
sua congregação. Nos anos seguintes desempenhou intensa atividade eclesiástica,
visitou várias igrejas da Anatólia e, em 381, participou do Concílio Ecumênico
de Constantinopla.
Em seus textos contra as heresias formulou a
doutrina da Santíssima Trindade, utilizando argumentos inspirados na teoria das
ideias de Platão. Entre outras obras escreveu: “A Criação do Homem”, onde
desenvolve uma antropologia teológica; “A Grande Catequese”, que buscou ser um
compêndio das principais verdades de fé da época; “Vida de Macrina”, onde faz a
biografia de sua irmã.
Parece ter morrido no ano 394.
Pensamentos:
Nosso corpo unido ao corpo de Cristo,
adquire um princípio de imortalidade, porque se une ao Imortal.
O homem tem parentesco com Deus.
O cristianismo é uma imitação da
natureza de Deus.
A fé une intimamente ao divino. No
sacramento do Pão e Vinho eucarístico, o Verbo Encarnado une a sua Carne
divinizada à nossa, para divinizá-la.
O objetivo da vida virtuosa é tornar-se
semelhante a Deus.
A solidariedade com o pobre é lei de
Deus, não um mero conselho.
A fim que as disposições do Evangelho e
a atividade do Espírito Santo se desenvolvam em nós, é necessário que Cristo
nasça em nós.
Doente, a nossa natureza precisava ser
curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a
posse do bem, era preciso nos restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso
trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro;
escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que
comoveriam a Deus ao ponto de fazê-lo descer até à nossa natureza humana para
visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e
tão infeliz?
Se o coração de um homem foi purificado
de toda propensão carnal e de toda insubordinação, tal homem verá em sua
própria beleza a natureza Divina... Isto está por certo ao nosso alcance;
tendes dentro de vós mesmos o paradigma pelo qual aprendeis o Divino. Pois o
que vos criou, ao mesmo tempo vos dotou com esta qualidade maravilhosa. Aí
imprimiu Deus a semelhança das glórias de sua própria natureza assim como quem
molda da cera a escultura. Todavia o mal que foi derramado na natureza, esta
natureza que traz a imagem divina, tornou inútil para vós este feito
maravilhoso que sob máscaras vis se oculta. Se, portanto, purificais vossa vida
da imundície, que tal qual emplastro se vos apega ao corpo, a beleza divina em
vós outra vez fulgirá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário