sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

10 de janeiro - São Gregório de Nissa


Doutor da igreja, e um dos pioneiros no esforço de conciliar cristianismo e filosofia platônica. O esforço de são Gregório de Nissa para conciliar o cristianismo com elementos da filosofia platônica faz dele um precursor do grande trabalho de síntese realizado mais tarde por santo Agostinho. Foi um dos pais da teologia mística.

São Gregório de Nissa nasceu por volta do ano 340 em Cesaréia da Capadócia, na Anatólia. Inicialmente, o interesse pela filosofia predominou sobre a influência religiosa dos padres com quem convivia: são Basílio, de quem era irmão, e são Gregório Nazianzeno. Começou a vida como professor de retórica. Algumas fontes afirmam que foi casado, mas depois afastou-se de sua esposa. Na década de 360 voltou-se para os estudos religiosos e para a devoção cristã.

Em 372, seu irmão Basílio Magno, bispo metropolitano de Cesaréia, sagrou-o bispo de Nissa, pequena localidade da Capadócia. Quatro anos depois foi deposto por ordem do imperador Valente, partidário do arianismo, doutrina que negava a divindade de Cristo. Em 378, após a morte de Valente, Gregório foi acolhido entusiasticamente em Nissa por sua congregação. Nos anos seguintes desempenhou intensa atividade eclesiástica, visitou várias igrejas da Anatólia e, em 381, participou do Concílio Ecumênico de Constantinopla.

Em seus textos contra as heresias formulou a doutrina da Santíssima Trindade, utilizando argumentos inspirados na teoria das ideias de Platão. Entre outras obras escreveu: “A Criação do Homem”, onde desenvolve uma antropologia teológica; “A Grande Catequese”, que buscou ser um compêndio das principais verdades de fé da época; “Vida de Macrina”, onde faz a biografia de sua irmã.
Parece ter morrido no ano 394.

Pensamentos:
Nosso corpo unido ao corpo de Cristo, adquire um princípio de imortalidade, porque se une ao Imortal.

O homem tem parentesco com Deus.

O cristianismo é uma imitação da natureza de Deus.

A fé une intimamente ao divino. No sacramento do Pão e Vinho eucarístico, o Verbo Encarnado une a sua Carne divinizada à nossa, para divinizá-la.

O objetivo da vida virtuosa é tornar-se semelhante a Deus.

A solidariedade com o pobre é lei de Deus, não um mero conselho.

A fim que as disposições do Evangelho e a atividade do Espírito Santo se desenvolvam em nós, é necessário que Cristo nasça em nós.

Doente, a nossa natureza precisava ser curada; decaída, ser reerguida; morta, ser ressuscitada. Havíamos perdido a posse do bem, era preciso nos restituir. Enclausurados nas trevas, era preciso trazer-nos à luz; cativos, esperávamos um salvador; prisioneiros, um socorro; escravos, um libertador. Essas razões eram sem importância? Não eram tais que comoveriam a Deus ao ponto de fazê-lo descer até à nossa natureza humana para visitá-la, uma vez que a humanidade se encontrava em um estado tão miserável e tão infeliz?

Se o coração de um homem foi purificado de toda propensão carnal e de toda insubordinação, tal homem verá em sua própria beleza a natureza Divina... Isto está por certo ao nosso alcance; tendes dentro de vós mesmos o paradigma pelo qual aprendeis o Divino. Pois o que vos criou, ao mesmo tempo vos dotou com esta qualidade maravilhosa. Aí imprimiu Deus a semelhança das glórias de sua própria natureza assim como quem molda da cera a escultura. Todavia o mal que foi derramado na natureza, esta natureza que traz a imagem divina, tornou inútil para vós este feito maravilhoso que sob máscaras vis se oculta. Se, portanto, purificais vossa vida da imundície, que tal qual emplastro se vos apega ao corpo, a beleza divina em vós outra vez fulgirá.


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