O mistério pascal,
o paradigma da vocação à santidade, era o centro da vida de Simão de Rojas,
ilustre religioso da Ordem da Santíssima Trindade, que agora é elevado à honra
dos altares. Ele fez suas, as palavras de Cristo que ouvimos no Evangelho: "Quem
ama a sua vida perdê-la-á, e quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á
para a vida eterna” (Jo 12, 25).
São Simão de Rojas
deu pleno sentido à sua vida, como cristão e como sacerdote, na contemplação do
mistério do amor de Deus.
Fiel ao carisma
redentor e misericordioso de sua ordem, o "Padre Rojas" - como era
conhecido familiarmente pelo povo - era muito sensível às necessidades do próximo,
especialmente os pobres e marginalizados, assim como os cristãos presos por
causa de sua fé. Os pobres, por sua vez, viram nele o protetor, defensor e pai.
Eles viram nele um testemunho tão visível e concreto da pobreza, que o consideravam
como um deles, totalmente assimilado aos seus sofrimentos e necessidades.
Trabalhou
incansavelmente para que a Congregação dos Servos do Dulcíssimo Nome de Maria,
fundada por ele, intensificasse cada vez mais sua atividade sócio caritativa.
Seus membros, em sua maioria seculares, comprometeram-se a dividir seus bens e
ajudar os pobres.
Digno de nota foi o
incansável zelo do novo santo. Mas sua enérgica e contínua atividade apostólica
nunca obstruiu sua vida de oração contemplativa, à qual dedicou "muito
tempo durante o dia e também durante a noite, depois do ofício comum do meio da
noite".
Um aspecto que deve
ser enfatizado em nosso santo é, sem dúvida, o amor singular e confiante
alimentado desde a infância pela Virgem Maria. Sua intensa devoção mariana
estava sempre aumentando constantemente. Sem interrupção repetia a invocação e
saudação "Ave Maria", motivo
pelo qual, com frequência, era carinhosamente chamado de "Padre Ave Maria". Ele fez muito para propagar a devoção
ao Santo Rosário.
Para nós, o novo
santo é um modelo próximo e providencial da vida mariana. Ele expressou seu
desejo de pertencer a Maria com uma de suas orações favoritas: "Que eu
seja, senhora, todo seu, e que nada tenha a temer". A Providência fez que
sua canonização fosse a última deste ano mariano. E como se ele estivesse
insistindo para que recebêssemos com gratidão a mensagem tantas vezes repetida
pelo novo santo: "Não busque, faça
ou pense em algo que não seja deferência a Nossa Senhora".
São Simão de Rojas
apareceu perante a sociedade do seu tempo como um homem cheio do Espírito
Santo, dócil às suas sugestões e profundamente evangélico em todos os momentos
da sua vida: como outro Cristo!
Papa João Paulo II –
Homilia de Canonização – 03 de julho de 1988
Simão de Rojas
nasceu em Valladolid, Castilha (Espanha), em 28 de outubro de 1552. Desde
pequeno, Simão era introvertido, não muito bom para os estudos e tinha um
defeito para falar pelo qual todos zombavam dele, no entanto, superava os demais
na devoção à Virgem Maria. Foi sua mãe, Dona Constança, que instilou e fez
brotar na alma o pequeno Simão o amor a Maria. O culto que, com o esposo
Gregório, continuamente tributava à Virgem Maria, deixa bem entender o porquê
Simão, quando pronunciou as suas primeiras palavras aos 14 meses de idade,
dissesse: “Ave, Maria”: repetia a
oração de seus pais.
Aos doze anos
entrou no convento Trinitário de sua cidade, onde emitiu sua profissão
religiosa em 28 de outubro de 1572. Estudou filosofia e teologia na universidade
de Salamanca. A caminho de Salamanca parou uns dias no santuário Trinitário de
Nossa Senhora das Virtudes. Ao retomar a viagem os demais se deram conta de que
falava normalmente – estava curado de sua gagueira. Todos consideraram isso
como um milagre de Nossa Senhora.
Tornou-se sacerdote
em 1577. Destinado ao convento de Toledo, ensinou filosofia e teologia de 1581
a 1587. Entre seus alunos, estava João Batista Rico, que se tornaria santo e
reformador da Ordem Trinitária. Desde 1579 exerceu com grande prudência o
ofício de ministro conventual nos diferentes conventos de sua província; foi
também visitador apostólico e ministro provincial. Famoso por suas virtudes,
foi requisitado pelo rei Filipe II a Madri, onde viveu desde 1600. Tornou-se
preceptor dos Infantes de Espanha e confessor da rainha Isabel de Bourbon.
Faleceu no dia 29 de setembro de 1624 em Madri.
Foi rigorosa sua
observância da regra, austera sua vida; sua humildade o fez sentir-se grande
pecador e indigno dos episcopados que lhe ofereceram. Fiel ao carisma Trinitário,
frei Simão promoveu redenções de cativos, foi ao encontro às inúmeras
necessidades dos carentes, consolou enfermos, oprimidos e marginalizados de
todo tipo. Quando foi chamado para a Corte, impôs a condição de continuar
dedicando-se aos “seus” pobres, que ajudava de mil maneiras, em qualquer hora
do dia e da noite.
Faleceu no dia 29
de setembro de 1624 vítima de uma apoplexia. A notícia se propagou rapidamente
por Madri e seus redores. As honras fúnebres que lhe tributaram assumiram o
aspecto de uma canonização antecipada. Ao convento acorreram pessoas de todas
as categorias e classes sociais que desejavam vê-lo pela última vez, e, durante
12 dias, os mais famosos oradores de Madri exaltaram suas virtudes e santidade.
Foi preciso que acorresse a Guarda Real para pôr ordem e evitar tumulto.
Por sua terna
devoção a Maria, é comparado a São Bernardo de Claraval e a Santo Ildefonso de
Toledo. É chamado “o São Bernardo
espanhol”.
Sua maior alegria
era a de visitar os santuários marianos, de rezar a Maria e com Maria, de
imitar suas virtudes, de cantar seus louvores, de mostrar sua importância no
mistério de Deus e da Igreja. Através de profundos estudos teológicos, frei
Simão compreendeu sempre melhor a missão de Maria e a sua cooperação com a
Trindade na salvação do gênero humano e a santificação da Igreja. Viveu seus
votos religiosos a exemplo de Maria
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