O Evangelho inteiro
quer responder à pergunta que se abrigava no coração do Povo de Israel e que,
mesmo hoje, não cessa de habitar em tantos rostos sedentos de vida: “És Tu aquele que há de vir, ou devemos
esperar outro?”
Pergunta que Jesus
retoma e coloca aos seus discípulos: “E
vós, quem dizeis que Eu sou?”
Pedro, tomando a
palavra, atribui a Jesus o título maior com que O podia designar: “Tu és o Messias”, isto é, o Ungido, o
Consagrado de Deus. Apraz-me saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a
Pedro, que via como Jesus ungia o seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de
aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e levantar quem era tido por
perdido.
Como Pedro, também
nós podemos confessar com os nossos lábios e o nosso coração não só aquilo que
ouvimos, mas também a experiência concreta da nossa vida: fomos ressuscitados,
acudidos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. Todo o jugo de
escravidão é destruído graças à sua unção. A nós não é lícito perder a alegria
e a memória de nos sabermos resgatados, aquela alegria que nos leva a confessar: “Tu és o Filho de Deus vivo”.
Entretanto é
interessante notar o seguimento desta passagem do Evangelho onde Pedro confessa
a fé: “A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus
discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos,
dos sumos-sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia,
ressuscitar”. O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às
extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da
vida para alcançar a todos, ainda que isso custe o bom nome, as comodidades, a
posição... o martírio.
Várias vezes
sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas
do Senhor. Jesus toca a miséria humana, convidando-nos a estar com Ele e a
tocar a carne sofredora dos outros.
Jesus, não
separando da cruz a glória, quer resgatar os seus discípulos, a sua Igreja, de
triunfalismos vazios: vazios de amor, vazios de serviço, vazios de compaixão,
vazios de povo. Quer resgatá-la duma imaginação sem limites que não sabe criar
raízes na vida do Povo fiel ou, pior ainda, crê que o serviço ao Senhor lhe
pede para se livrar das estradas poeirentas da história. Contemplar e seguir a
Cristo exige deixar que o coração se abra ao Pai e a todos aqueles com quem Ele
próprio Se quis identificar, e isto na certeza de saber que não abandona o seu
povo.
Papa
Francisco – 29 de junho de 2018
Hoje celebramos:
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