sexta-feira, 28 de setembro de 2018

28 de setembro - O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Lc 9,22


O Evangelho inteiro quer responder à pergunta que se abrigava no coração do Povo de Israel e que, mesmo hoje, não cessa de habitar em tantos rostos sedentos de vida: “És Tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?”
Pergunta que Jesus retoma e coloca aos seus discípulos: “E vós, quem dizeis que Eu sou?”

Pedro, tomando a palavra, atribui a Jesus o título maior com que O podia designar: “Tu és o Messias”, isto é, o Ungido, o Consagrado de Deus. Apraz-me saber que foi o Pai a inspirar esta resposta a Pedro, que via como Jesus ungia o seu povo. Jesus, o Ungido que caminha, de aldeia em aldeia, com o único desejo de salvar e levantar quem era tido por perdido.

Como Pedro, também nós podemos confessar com os nossos lábios e o nosso coração não só aquilo que ouvimos, mas também a experiência concreta da nossa vida: fomos ressuscitados, acudidos, renovados, cumulados de esperança pela unção do Santo. Todo o jugo de escravidão é destruído graças à sua unção. A nós não é lícito perder a alegria e a memória de nos sabermos resgatados, aquela alegria que nos leva a confessar: “Tu és o Filho de Deus vivo”.

Entretanto é interessante notar o seguimento desta passagem do Evangelho onde Pedro confessa a fé: “A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos-sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar”. O Ungido de Deus leva o amor e a misericórdia do Pai até às extremas consequências. Este amor misericordioso exige ir a todos os cantos da vida para alcançar a todos, ainda que isso custe o bom nome, as comodidades, a posição... o martírio.

Várias vezes sentimos a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor. Jesus toca a miséria humana, convidando-nos a estar com Ele e a tocar a carne sofredora dos outros.

Jesus, não separando da cruz a glória, quer resgatar os seus discípulos, a sua Igreja, de triunfalismos vazios: vazios de amor, vazios de serviço, vazios de compaixão, vazios de povo. Quer resgatá-la duma imaginação sem limites que não sabe criar raízes na vida do Povo fiel ou, pior ainda, crê que o serviço ao Senhor lhe pede para se livrar das estradas poeirentas da história. Contemplar e seguir a Cristo exige deixar que o coração se abra ao Pai e a todos aqueles com quem Ele próprio Se quis identificar, e isto na certeza de saber que não abandona o seu povo.

Papa Francisco – 29 de junho de 2018

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