Pulchéria foi uma princesa,
filha do Imperador Arcádio, nasceu em 19 de janeiro de 399, era uma mulher cheia
de virtudes.
Seu irmão Teodósio,
assumiu o trono de seu pai tendo apenas oito anos e teve uma auxiliar e
conselheira competente na pessoa de Pulchéria, sua irmã mais velha. Preenchendo
o lugar de mãe, procurou com todo o escrúpulo formar o coração do jovem
irmão nos moldes da religião de Jesus Cristo. Para este fim teve grande cuidado
na escolha dos mestres.
Exerceu também
grande Influência sobre as irmãs menores Arcádia e Marina. Estas, à imitação da
irmã mais velha, fizeram o voto perpétuo de castidade, e com ela
viveram em santa harmonia, formando, por assim dizer, uma pequena comunidade no
palácio imperial.
A vida das
princesas obedecia a um regulamento, que especializava o trabalho e as práticas
de piedade. Praticavam obras de penitência e mortificação, que não eram
comuns em palácios ricos. A administração dos negócios públicos
estava entregue aos cuidados de homens competentes; reinava paz e ordem em toda
a parte, e os povos sentiam-se felizes sob o governo de tão santa e sábia
monarca.
Quando Teodósio
alcançou a idade de vinte anos, a conselho da santa irmã, contraiu núpcias
com Atenias, filha de um filósofo de Atenas, muito famosa pelas raras
virtudes que a ilustravam; no santo batismo recebeu ela o nome de Eudóxia.
Dois anos depois lhe foi conferido o título de Imperatriz. Não
obstante, Pulchéria tomava ainda parte ativa no governo. Envidou todos
os esforços para que fosse realizado o Concílio ecumênico de Éfeso
(431) que ficou marcado pela condenação da heresia de Nestório, que negava
à Santíssima Virgem Maria a prerrogativa de Mãe de Deus.
Passado algum
tempo, surgiram desavenças. Eudóxia e Crisáfio, favorito do imperador,
trataram de afastar Pulchéria da corte. Após longa resistência, Teodósio
afinal consentiu na realização do plano e pediu ao Patriarca de
Constantinopla, Flaviano, para aceitar a irmã como diaconisa. Flaviano ponderou
a inconveniência dessa medida, e pôs de aviso Pulchéria sobre o que se
estava tratando. Pulchéria tomou logo providências e retirou-se para uma
vivenda no campo. A ausência da santa Princesa trouxe para o império uma
série intérmina de tristes ocorrências.
Eudóxia e Crisáfio
abriram hostilidade contra Flaviano; arvoraram-se em fatores de Eutiques
e Dióscoro, célebres hereges, e extorquiram de Teodósio o consentimento
para as medidas coercivas em favor da heresia.
Pulchéria, livre de
maiores responsabilidades, mais à vontade pôde viver, satisfazendo os desejos
do coração, mas dos lábios nunca se lhes escapou um monossílabo sequer de
queixa contra a ingratidão daqueles que tanto lhe deviam.
Só lastimava o
estado triste a que as maquinações dos hereges tinham reduzido sua Mãe, a
Igreja Católica. Tantos foram os estragos causados por esses emissários do
inimigo de Cristo, que o Papa Leão, alarmado pelo desenvolvimento
assustador da heresia, impôs a Santa Pulchéria o sacro dever de fazer valer a
sua influência, para pôr um dique ao movimento, que ameaçava arruinar a fé
católica no Oriente.
Pulchéria,
munindo-se de coragem, dirigiu-se ao Imperador, e com franqueza de princesa
católica, mostrou-lhe o grande perigo que o Império corria.
Crisáfio seguiu
para o desterro, onde morreu. Teodósio não teve longa vida e morreu a 29 de
Julho de 450. Eudóxia retirou-se para a Palestina.
Achava-se o destino
do Império novamente nas mãos de Pulchéria. Para o bom desempenho dessa alta
função, resolveu Pulchéria contrair matrimônio com um oficial do exército,
de nome Marciano, bom católico e homem de grande circunspeção. Celebrou-se o
consórcio, com a condição de poder respeitar o voto de perfeita castidade.
Sob o sábio regime
de Marciano e Pulchéria voltou a prosperidade ao Império. Os embaixadores
do Papa foram recebidos com as honras devidas à sua alta dignidade.
Em 451 se realizou o Concílio de Calcedônia, que anatematizou a heresia de
Nestório, que não reconhecia a natureza divina de Cristo.
Restabelecida a paz
e a ordem, Pulchéria dirigiu a atenção para o desenvolvimento do espírito
religioso entre o povo. Por toda a parte se ergueram igrejas e hospitais. Parte
considerável do tempo a imperatriz dedicava como dantes, à oração, à leitura
espiritual e ao serviço dos pobres e doentes. Modelo de
virtude, mãe dos pobres e protetora da Igreja que era, bem merecidos foram os
elogios que lhe teceram São Proclo, Leão e os demais Padres do Concílio de
Calcedônia.
Pulchéria morreu em
odor de santidade, em 10 de setmbro de 453. As Igrejas romana e grega dão-lhe a
veneração de Santa Virgem, e o Concílio de Calcedônia a saúda como segunda
Santa Helena.
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