O irmão humilde que se ergue como um colosso, como um
gigante, ao longo de quarenta anos de vida santa e de uma santidade difícil…;
consolador incansável, conselheiro e mestre de almas, de um povo inteiro, por
mais de uma geração. Qual a virtude mais admirável nele? O Beato Maria de
Camporosso é todo ele um prodígio de humildade, de paciência, de caridade: a
humildade de esmoleiro pobre, do Capuchinho pobre que estende a mão a toda a
gente; a paciência de esmoleiro ao longo de quarenta anos, uma paciência
verdadeiramente prodigiosa, dir-se-ia quase milagrosa, que germinou sobre outra
grande virtude: a paciência. Basta, com efeito, dizer ‘um bom capuchinho’ para dizer um grande paciente; basta falar do
ser, da vida, da alma capuchinho para dizer de quanta paciência é formada
aquela vocação.
Papa
Pio XI
Francisco nasceu em
Camporosso no ano de 1804, seus pais eram trabalhadores e profundamente
religiosos; ele foi o caçula de quatro filhos. Aos doze anos foi encarregado de
tomar conta do pequeno rebanho da família, pois o ar livre faria bem a sua
frágil saúde. Daí nasce a forte amizade com os outros pastores, que costumavam
reunir para rezar e explicar-lhes um pouco de catecismo. Seus colegas
tinham-lhe uma grande admiração e o chamava de eremita.
Um pouco mais
velho, começou a ajudar os pais e irmãos nos trabalhos pesados do campo. Mas,
fazia-se ouvir cada vez mais clara e forte uma voz que o chamava a doar-se
totalmente a Deus, na vida religiosa. A primeira tentativa que fez como
postulante entre os conventuais não satisfez seus desejos e aspirações; bate
então, à porta dos frades capuchinhos e, no ano de 1825, começa o noviciado em
Gênova.
Terminado o seu
trabalho, corria a ajudar os companheiros, que lhe diziam: “Descansa um pouco, Irmão! Nós terminamos depressa este trabalho”.
“Descansar, eu? Se, quando estava em casa, não
descansava, antes trabalhava sempre para ajudar a minha família, como poderei
descansar agora que trabalho para o meu Deus”?
Frei Francisco
Maria expressou seu programa num lema: “Quero
ser o jumento do convento”. E viveu este lema a cada dia com empenho e amor
redobrados. Terminando o noviciado a obediência o destinou ao convento da
Imaculada Conceição em, em Gênova, onde passará a vida toda; os primeiros dois
anos a serviço dos irmãos mais velhos e doentes, depois no ofício de esmoleiro
da cidade de Gênova.
Como esmoleiro,
todos os dias passava em casas ricas e pobres pedindo esmolas e repartindo com
os mais necessitados. Procurou imitar nisso São Félix de Cantalício e São
Crispim de Viterbo. Vestido com uma túnica velha e toda remendada, debaixo de
sol ou chuva, pés descalços, saco aos ombros, uma sacola nos braços e o terço
mãos: assim se apresentava ao povo.
Tornou-se uma
figura característica das ruas da cidade, sempre acompanhado por um menino,
para evitar situações escabrosas em certos ambientes que era obrigado a visitar.
Para todos tinha uma palavra de conforto e esperança; parecia conhecer os
segredos mais íntimos do coração. E o povo passou a chamá-lo de “padre santo”.
A figura de frei
Francisco era popular, inclusive no porto de Gênova entre os trabalhadores, estivadores,
marinheiros e tripulantes. À noite quando chegava em casa cansado, um numeroso
grupo de pessoas o aguardava na praça do convento para recomendar-se às suas
orações, para pedir conselhos e contar os próprios problemas. Ele ouvia a todos
e para todos tinha uma palavra de conforto.
Dedicava parte da
noite à oração e à penitencia, em preparação ao trabalho do novo dia. Por quase
quarenta anos, frei Francisco Maria exerceu a função de esmoleiro. A cada dia
sua figura alta encurvava-se mais, os cabelos e a barba embranqueciam, mas se
mantinha fiel ao seu dever.
Em 1866, a cidade
foi atingida por uma grande epidemia; as ruas começaram a ficar desertas e a
cada dia aumentava o número de mortos. Frei Francisco Maria se oferece em
sacrifício, como vítima de expiação para a saúde da cidade, diante de altar da
Imaculada Conceição. Tem a certeza de que será atendido. No dia 17 de setembro
falece, vítima da epidemia. Deste dia em diante a epidemia começou a diminuir e
em pouco tempo acaba; todos tiveram a certeza de que foram salvos pelo padre
santo.
Frei Francisco
Maria nos deixou um grande exemplo da caridade: quis ser o jumento do convento
no serviço aos irmãos e por fim oferecendo-se em holocausto em prol do povo que
tanto amava.
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