O Evangelho nos fala
de um homem que, antes de partir para uma viagem, convoca os seus empregados e
confia-lhes o seu património em talentos, moedas antigas de enorme valor.
Aquele senhor confia ao primeiro servo cinco talentos; ao segundo, dois; e ao
terceiro, um. Durante a sua ausência, os três servos devem fazer frutificar
esse património. O primeiro e o segundo duplicam as respectivas quantias
iniciais; o terceiro, ao contrário, tendo medo de perder tudo, enterra num
buraco o talento recebido. Quando o senhor volta, os primeiros dois servos
recebem a recompensa, enquanto o terceiro, que restitui apenas a moeda
recebida, é repreendido e até punido.
O significado disto
é claro. O homem da parábola representa Jesus; os servos somos nós; e os
talentos são o patrimônio que o Senhor nos confia.
Qual é o
património?
A sua Palavra, a
Eucaristia, a fé no Pai celestial, o seu perdão... em síntese, muitas coisas,
os seus bens mais preciosos. Este é o patrimônio que Ele nos confia. Que não
devemos só conservar, mas também multiplicar!
Enquanto, segundo o
uso comum, o termo talento indica uma acentuada qualidade individual — por
exemplo, talento na música, no desporto, etc. — na parábola os talentos
representam os bens do Senhor, que Ele nos confia para os fazermos frutificar.
O buraco escavado no terreno pelo servo mau e preguiçoso indica o medo do risco
que bloqueia a criatividade e a fecundidade do amor. Sim, o medo dos ricos do
amor bloqueia-nos!
Jesus não nos pede
que conservemos a sua graça num cofre! Jesus não nos pede isto, mas deseja que
a utilizemos em vantagem do próximo. Todos os bens que recebemos devem, ser
transmitidos aos outros, porque só assim crescem. É como se Ele nos dissesse: Eis-te
a minha misericórdia, a minha ternura, o meu perdão: toma-os e usa-os com
magnanimidade.
E nós, o que
fazemos disto?
Quem contagiamos
com a nossa fé?
Quantas pessoas
encorajamos com a nossa esperança?
Quanto amor
compartilhamos com o nosso próximo?
São perguntas que
nos fará bem formular. Qualquer ambiente, até o mais distante e impraticável,
pode tornar-se um lugar onde fazer frutificar os talentos. Não existem
situações nem lugares fechados à presença e ao testemunho cristão. O testemunho
que Jesus nos pede não é fechado, mas aberto, depende de nós.
Esta parábola
anima-nos a não esconder a nossa fé nem a nossa pertença a Cristo, a não
enterrar a Palavra do Evangelho, mas a fazê-la circular na nossa vida, nos
relacionamentos, nas situações concretas, como uma força que põe em crise, que
purifica e renova. Assim também o perdão, que o Senhor nos oferece
especialmente no Sacramento da Reconciliação: não o conservemos fechado em nós
mesmos, mas permitamos que ele transmita a sua força, que faça ruir aqueles
muros elevados pelo nosso egoísmo, que nos leve a dar o primeiro passo nos
relacionamentos bloqueados e retomar o diálogo onde já não há comunicação... E
assim por diante. Devemos fazer com que estes talentos, estes presentes, estes
dons que o Senhor nos concedeu cheguem aos outros, cresçam e deem fruto através
do nosso testemunho.
Papa
Francisco – 16 de novembro de 2014
Hoje celebramos:
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