Maria de Toribia, esposa
de Santo Isidoro Agricultor e mãe do beato Ilano, nasceu em Madrid, ou próximo
desta localidade. Seus pais, piedosos e honestos, pertenciam ao grupo dos
chamados moçárabes (do árabe musta'rab, "arabizado", com este nome
eram conhecidos os cristãos que viviam sob a dominação muçulmana na Andaluzia).
Não é fácil dizer
com que santidade viveu sua condição de mulher casada. Suas ocupações eram
arrumar a casa, limpá-la, cozinhar, fazer o pão com suas próprias mãos, tudo
tão simples, que a única coisa que brilhava em sua vida era: a humildade, a
paciência, a devoção, a austeridade e outras virtudes com as quais se tornava
rica aos olhos de Deus.
Era muito serviçal
e atenta com seu marido. Viviam tão unidos como se fossem uma só carne, um só
coração e uma única alma. Ela o ajudava nos afazeres rústicos; cuidava das
hortaliças e procurava exercer a caridade, sem abandonar nunca sua contínua
oração.
Como ambos não
tinham outro desejo senão o de levar uma vida pura e fervorosamente dedicada a
Deus, um dia entraram de acordo em separar-se, depois de criar seu único filho,
permanecendo ele em Madrid e ela indo para uma ermida situada num local próximo
do Rio Jarama, a ermida de Nossa Senhora da Piedade, em Torrelaguna, onde foi
sepultada quando morreu.
O novo gênero de
vida solitário consistia em venerar a Virgem Maria, fazer longas e profundas
meditações, tendo Deus como mestre, limpar a sujeira da capela, adornar os
altares, pedir aos povoados vizinhos ajuda para cuidar da lâmpada e outros
trabalhos.
Ela intercedia por
milagres similares aos de seu esposo, enquanto Isidoro permanecia em Madrid com
seu filho Ilano dedicando-se a educação do menino, transmitindo a ele seus
ensinamentos e poderes. Quando o pai morreu, Ilano mudou-se para Villalba de
Bolobras e se tornou ermitão junto a um castelo templário, intercedendo pelos
mesmos milagres que seus pais, relacionados com a água, a agricultura e os
animais.
O texto mais antigo
que menciona esta Beata é o manuscrito conhecido como o Códice de João Diácono,
uma coleção de milagres realizados por seu esposo Santo Isidoro, escrito em
Latim, com primorosa caligrafia, em meados do século XIII, quando ainda se conservava
viva a memória dos santos esposos. O pergaminho se encontrava no arquivo da
velha paróquia madrilena de Santo André. O autor poderia ter sido um diácono de
Almudena, ou o franciscano Juan Gil de Zamora, secretário de Afonso X, o Sábio.
Até fins do século
XVI, quando teve início o seu processo de beatificação, não existe documento
escrito que fale dela, falecida por volta de 1175, em Castela, e sepultada no
Convento Ermida de Santa Maria. O seu corpo foi encontrado em 1596, mas o seu
culto já havia se difundido muito havia vários séculos.
Aquela ermida, por
causa da presença da cabeça da Beata, foi denominada de Santa Maria da Cabeça e
a ela mesma foi dado o nome de Maria, embora algumas tradições anteriores ao
século XVI referiam que seu verdadeiro nome era Toríbia.
Próximo ao Convento
de Santa Maria existia há muito uma confraria intitulada Santa Maria da Cabeça,
em que ela era festejada no dia 9 de setembro. Em 1615, quando o processo de
beatificação se iniciou, suas relíquias foram transferidas para Torrelaguna. O
Papa Inocêncio XII confirmou o culto da Beata em 11 de agosto de 1697.
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