domingo, 23 de setembro de 2018

23 de setembro - Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos! Mc 9,35


Em contraponto ao terceiro e mais duro anúncio da Paixão, o Evangelista não teme desvendar alguns segredos do coração dos discípulos: busca dos primeiros lugares, ciúmes, invejas, intrigas, ajustes e acordos; esta lógica não só desgasta e corrói a partir de dentro as relações entre eles, mas ainda os fecha e envolve em discussões inúteis e de pouca importância.
Entretanto Jesus não Se detém nisso, mas continua para diante, precede-os e diz-lhes vigorosamente: Não deve ser assim entre vós. Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo. Com este comportamento, o Senhor procura centrar de novo o olhar e o coração dos seus discípulos, não permitindo que discussões estéreis e auto referenciais tenham espaço na comunidade. Que adianta ganhar o mundo inteiro, se se fica corroído por dentro? Que adianta ganhar o mundo inteiro, se todos vivem prisioneiros de asfixiantes intrigas que secam e tornam estéril o coração e a missão?

Não deve ser assim entre vós: é a resposta do Senhor, que constitui primariamente um convite e uma aposta para recuperar o que há de melhor nos discípulos e, assim, não se deixarem arruinar e prender por lógicas mundanas que afastam o olhar daquilo que é importante. Não deve ser assim entre vós: é a voz do Senhor que salva a comunidade de se fixar demasiado em si mesma, em vez de dirigir o olhar, os recursos, as expectativas e o coração para o que conta, a missão.

Deste modo, Jesus ensina-nos que a conversão, a transformação do coração e a reforma da Igreja são feitas, e sempre o devem ser, em chave missionária, pois pressupõem que se deixe de olhar e cuidar dos interesses próprios para olhar e cuidar dos interesses do Pai. Quando nos esquecemos da missão, quando perdemos de vista o rosto concreto dos irmãos, a nossa vida fecha-se na busca dos próprios interesses e seguranças. E, assim, começam a crescer o ressentimento, a tristeza e a aversão. Pouco a pouco diminui o espaço para os outros, para a comunidade eclesial, para os pobres, para escutar a voz do Senhor. Deste modo perde-se a alegria, e o coração acaba na aridez.

Não deve ser assim entre vós – diz o Senhor, e quem quiser ser o primeiro entre vós, faça-se o servo de todos. É a bem-aventurança e o magnificat que somos chamados a entoar todos os dias. É lembrar que estamos aqui porque fomos enviados para anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; para mandar em liberdade os oprimidos, para proclamar um ano favorável da parte do Senhor.

Papa Francisco – 28 de junho de 2018

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