Testemunha
do amor divino foi também Santa Catarina Volpicelli, que se esforçou por "ser de Cristo, para conduzir a
Cristo" quantos teve a ventura de encontrar na Nápoles nos finais do
séc. XIX, num tempo de crise espiritual e social. Também para ela o segredo foi
a Eucaristia. Recomendava às suas primeiras colaboradoras que cultivassem uma
intensa vida espiritual na oração e, sobretudo, o contacto vital com Jesus
eucarístico. Esta é também hoje a condição para prosseguir a obra e a missão
por ela iniciada e deixada em herança às "Servas
do Sagrado Coração". Para serem autênticas educadoras da fé, desejosas
de transmitir às novas gerações os valores da cultura cristã, é indispensável,
como gostava de repetir, libertar Deus das prisões nas quais os homens o
colocaram. De fato, só no Coração de Cristo a humanidade pode encontrar a sua "morada permanente".
Santa
Catarina mostra às suas filhas espirituais e a todos nós, o caminho exigente de
uma conversão que mude radicalmente o coração, e se transforme em ações
coerentes com o Evangelho. Assim é possível lançar as bases para construir uma
sociedade aberta à justiça e à solidariedade, superando aquele desequilíbrio econômico
e cultural que continua a subsistir em grande parte do nosso planeta.
Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização – 26 de abril de 2009
Catarina
Volpicelli, fundadora das Servas do Sagrado Coração, pertence à classe dos «apóstolos, dos pobres e marginalizados»,
que no século XIX para Nápoles foram um luminoso sinal da presença de Cristo
«Bom Samaritano», que se aproxima de cada homem que sofre no corpo e no espírito,
para derramar sobre suas feridas, o óleo da consolação e o vinho da esperança.
Nascida em Nápoles, no dia 21 de janeiro de
1839, Catarina recebeu no seio de sua família de alta burguesia, uma sólida
formação humana e religiosa. No colégio educandário San Marcelino, sob a guia
sábia de Margarida Salatino, aprendeu letras, línguas e música, o que não era
frequente para as mulheres do seu tempo.
Guiada então pelo Espírito do Senhor, que lhe
revelava o projeto de Deus através da voz dos sábios e santos diretores
espirituais, Catarina renunciou com prontidão os efêmeros valores de uma vida
elegante e despreocupada, para aderir com generosa decisão a uma vocação de
perfeita santidade.
O encontro ocasional com o Beato Ludovico da
Casoria em 19 de setembro de 1854, em «La Palma» em Nápoles, foi como afirmou a
mesma Bem Aventurada: «um momento
singular de graça providencial, de caridade e de predileção do S. Coração,
enamorado pelas misérias de sua humilde serva». O Bem Aventurado a associou
à Ordem Franciscana Secular e indicou como único objetivo de sua vida, o culto
ao Sagrado Coração de Jesus, convidando-a para permanecer em meio à sociedade,
na qual deveria «ser pescadora de almas».
Guiada, então pelo seu confessor, o barnabita
Padre Leonardo Matera, em 28 de maio de 1859, Catarina entrou entre as
Adoradoras Perpétuas de Jesus Sacramentado, saindo porém com pouco tempo, por
graves motivos de saúde.
O desígnio de Deus sobre Catarina era outro,
havia bem entendido o Beato Ludovico da Casoria que muitas vezes dizia: «O Coração de Jesus é a tua obra, Catarina! ».
Sob a indicação do seu Confessor, Catarina
conhece o bilhete mensal do Apostolado da Oração da França, recebendo através
dele noticias detalhadas da nascente associação com o diploma de Zeladora,
sendo o primeiro que chegou na Itália. Em julho de 1867, Padre Ramière visita o
Palácio de Largo Petrone em Nápoles, onde Catarina pensava estabelecer a sede
de suas atividades apostólicas, para «fazer
renascer nos corações, nas famílias e na sociedade o amor por Jesus Cristo».
O Apostolado da Oração será o ponto central
da espiritualidade de Catarina, que a impulsionará a cultivar o seu ardente
amor pela Eucaristia, através do qual será instrumento de Ação Pastoral sob as
dimensões do Coração de Cristo, abrindo-se a cada homem, sempre a serviço da
Igreja, dos últimos e dos sofredores.
Com as primeiras Zeladoras, no dia 1° de
julho de 1874, Catarina funda o novo Instituto das Servas do Sagrado Coração,
aprovado antes pelo Cardeal Arcebispo de Nápoles, o Servo de Deus, Sisto Riario
Sforza, e em seguida aos 13 de junho de 1890, pelo Papa Leão XIII, que concede
à nova família religiosa o «Decreto de louvor ».
Preocupada pela sorte da juventude, abriu o
orfanato das «Margherite», fundou uma biblioteca circulante e instituiu a
Associação das Filhas de Maria, com a sábia guia da venerável Maria Rosa Carafa
Traetto.
Em breve tempo abriu outras casas: em
Nápoles, no Palácio San Severo e depois na Sapienza, em Ponticelli, onde as
Servas distinguiram-se na assistência às vítimas da cólera em 1884, em
Minturno, em Meta di Sorrento e em Roma.
Aos 14 de maio de 1884 o novo Arcebispo de
Nápoles, o Cardeal Guglielmo Sanfelice, OSB, consagrou o Santuário dedicado ao
Sagrado Coração de Jesus, que a Volpicelli havia construído ao lado da Casa
Madre, destinando-o particularmente à adoração reparadora pedida pelo Papa,
para sustentar a Igreja, num período difícil para a liberdade religiosa e para
o anúncio evangélico.
A participação de Catarina no primeiro
Congresso Eucarístico Nacional, celebrado em Nápoles em 1891 (19-22 de
novembro) foi um ato culminante do Apostolado da Fundadora e das Servas do
Sagrado Coração. Naquela ocasião, realizou uma rica exposição de paramentos
sacros destinados às igrejas necessitadas, organizou a Adoração Eucarística na
Catedral e foi a animadora daquele movimento, levando muitas pessoas à
confissão e «Comunhão geral ».
Catarina Volpicelli, morreu em Nápoles no dia
28 de dezembro de 1894, oferecendo a sua vida pela Igreja e o Santo Padre.
No dia 29 de abril de 2001 Sua Santidade
Papa João Paulo II a proclamou Beata e a canonizou em 26 de abril de 2009.
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