É
o Céu a nossa morada definitiva, e somos chamados já a construí-la sobre a
terra, como sugere o apóstolo Paulo: «Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai
as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos
às coisas lá de cima e não às da Terra» (Cl 3, 1-3).
Assim fez o Padre Secondo Pollo, que nesta
tarde tenho a alegria de elevar à glória dos altares. Ele constitui uma das
inúmeras testemunhas da presença e da ação de Jesus ressuscitado na história do
mundo.
O Padre Secondo é um exemplo de presbítero
corajoso que, no arco duma breve existência, soube atingir o cume da santidade.
Na vigília da sua Ordenação sacerdotal, o novo Beato já manifestava com lúcida
determinação o propósito de acolher, sem reservas, na própria vida o programa
exigente do Evangelho: «Fazei-me santo», este tornou-se o
seu ideal, este o seu empenho quotidiano. Guiado por este propósito, viveu de
maneira intensa o próprio ministério sacerdotal, procurando e seguindo
assiduamente a vontade de Deus.
A Providência chamou-o a muitas e
empenhativas tarefas no âmbito da Igreja de Vercelli. Foi educador de
requintada intuição pedagógica nos seminários diocesanos, onde exerceu a função
de professor e de padre espiritual. Fez-se antes discípulo e servo diligente da
palavra de Deus através do estudo assíduo das disciplinas sagradas e da intensa
atividade de pregador. Foi generoso dispensador da misericórdia divina na
administração do sacramento do perdão. Trabalhou com entusiasmo entre os
jovens, como assistente da Ação Católica, seguindo-os na tormenta da guerra
como capelão dos alpinos. E precisamente no exercício heroico da caridade, o
jovem sacerdote de Vercelli entregou a sua alma a Deus, deixando aos capelães
militares do mundo inteiro um exemplo de como os próprios irmãos de armas devem
ser amados e servidos, e aos alpinos um modelo e um protetor no Céu.
Dois foram os segredos da subida do Padre
Secondo aos cumes da santidade: a radicação constante em Deus, através da
oração e da terníssima devoção à Mãe celeste, Maria. Do assíduo diálogo com
Deus e do amor filial para com Nossa Senhora hauriu vigor aquela sua particular
caridade pastoral, que se mostra como a síntese mais elevada e qualificante do
seu ministério sacerdotal. Viveu
inteiramente para os irmãos, concluindo a sua aventura terrena no dia de Santo
Estevão, quase à imitação da ardorosa testemunha «cheia do Espírito Santo», de
que fala o livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 7, 55). Demos graças ao Senhor pelo dom deste Beato e por todos os
Santos e Beatos que, em Cristo único Mediador de salvação, lançam uma «ponte»
entre Deus e o mundo, refletindo e irradiando a luminosidade do Céu sobre a
humanidade peregrina pelas estradas da terra.
Papa
João Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de maio de 1998
Nascido
em Caresanablot (pequena aldeia na província de Vercelli), em 02 de janeiro de
1908, quando criança foi aluno dos Irmãos das Escolas Cristãs, ou Lassalistas,
que muito contribuíram com sua sólida formação cristã. Talvez aí tenha nascido
sua vocação. Apoiado por seu pároco, ingressou em 1919, com apenas 11 anos, no
seminário. Logo passou para Roma, para o seminário lombardo, doutorando-se em
Teologia e em Filosofia. Foi ordenado sacerdote em 1931, aos 23 anos de idade.
Foi
destinado ao seminário menor de Monerivello, ao mesmo tempo em que exercia o serviço
de capelão de duas aldeias. Em pouco tempo foi designado professor do seminário
maior e consiliário diocesano da Ação Católica de Jovens.
Em
1940, e antes de sua incorporação ao Exército como capelão, foi cura
encarregado das paróquias de Caresanablot e Larizzate. Foi também confessor de
vários colégios, reitor diocesano da União Apostólica dos Sacerdotes, capelão
do cárcere das mulheres e exerceu amplo apostolado auxiliando sacerdotes que o
chamavam para pregar em suas paróquias.
Compreendendo
o bem espiritual que podia fazer aos jovens soldados, aceitou à nomeação de
capelão militar, sendo lotado na terceira legião dos Alpinos, chamada “Val
Chisone”. Dedicou-se totalmente ao bem e ao serviço dos soldados, dos quais se
tornou rapidamente o bom pastor, amigo e companheiro de suas almas.
Sua
morte foi no cumprimento de seu ministério. Depois de celebrar com os soldados
o Natal, em um ataque inimigo, foi atender a um soldado moribundo e, enquanto o
consolava e administrava os sacramentos, uma bala atingiu a artéria femoral,
sangrando até morte. Como homenagem póstuma, foi-lhe concedida a cruz de prata
de valor militar.
A
Santa Igreja também reconheceu seus méritos: seu amor à vocação sacerdotal e
sua dedicação ao serviço e pastoreio das almas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário