segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

25 de dezembro - Santo Alberto Chmielowski

Eis o irmão Alberto: ele é um personagem que deixou uma marca profunda na história de Cracóvia e do povo polonês, bem como na história da salvação. Devemos "dar a nossa alma" - isso parece ser o fio orientador da vida de Alberto Chmielowski, desde seus jovens anos. Como estudante de 17 anos da escola de agricultura, ele participou da luta pela liberdade de sua terra natal do jugo estrangeiro - e nela recebeu a mutilação de uma perna. Ele buscou o significado de sua vocação através da atividade artística, deixando obras que ainda impressionam hoje pela sua capacidade expressiva particular.

À medida que ele se dedicava cada vez mais intensamente à pintura, Cristo o fazia sentir o chamado para outra vocação e convidou-o a olhar mais e mais longe: "Aprenda comigo. . . que sou manso e humilde de coração. . . Aprender ".

Alberto Chmielowski foi um discípulo pronto para ouvir o chamado de seu mestre e Senhor.
Com esse chamado decisivo, que seguiu seu caminho para a santidade em Cristo, fala o texto da primeira leitura de hoje, tirada do profeta Isaías:  ". . . para desatar as cadeias injustas, remover os laços do jugo, libertar os oprimidos e quebrar todo jugo "(Is 58: 6). Esta é a teologia da libertação messiânica, que contém o que agora estamos acostumados a definir como uma "opção para os pobres": "dividir o pão com o faminto, acolher os pobres, os sem-teto em sua casa, vestir aqueles que estão nus, sem distrair os olhos do seu povo "(Is 58, 7).

Assim fez o irmão Alberto. Neste serviço incansável e heroico para os despossuídos, ele finalmente encontrou seu caminho. Ele encontrou Cristo. Ele tomou seu jugo e seu fardo sobre si mesmo; e ele não era apenas "um que faz caridade", mas se tornou um irmão para os que serviu. Seu irmão. O "irmão cinzento", como ele era chamado.

Outros o seguiram: os "Irmãos cinzentos" e as "Irmãs cinzentas", para quem hoje é uma grande festa comum. Eis, de fato: as palavras adicionais da profecia de Isaías que foram cumpridas: "A tua justiça andará diante de ti, a glória do Senhor te seguirá. Então você o invocará e o Senhor responderá: implorará ajuda e ele dirá: Aqui estou eu! "(Is 58: 8-9).

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 12 de novembro de 1989

Santo Alberto Chmielowski, definido pelo Papa São João Paulo II como “o São Francisco polonês do século XX” pela forma de vida marcada por uma pobreza rigorosa e alegre, nasceu em Igolomia, perto de Cracóvia, em 20 de Agosto de 1845, como primogênito de Alberto Chmielowki e de Josefa Borzylawska. Foi batizado a 26 desse mês, com o nome de Adão Hilário Bernardo. A família era rica, detentora de enormes propriedades. Aos sete anos, perdeu o pai. A mãe mudou-se para Varsóvia, onde Adão prosseguiu os estudos, primeiro na escola de cadetes, depois no instituto de agronomia, para melhor se dedicar à sua lavoura.

Em 1863, aos 18 anos, participou da insurreição contra o domínio do Czar da Rússia. Foi ferido, na batalha de Melchow e levado prisioneiro. No cárcere, foi-lhe amputada a perna esquerda, sem anestesia, operação que aguentou com heroica valentia. Após um ano, conseguiu fugir. Matriculou-se em Paris, numa academia de pintura. Foi para a Bélgica e, posteriormente, para Mônaco, regressando depois a Varsóvia, onde se formou em pintura e arquitetura. As suas telas tornaram-no muito popular e conhecido.

A meditação sobre a paixão de Cristo levou-o a mudar de vida. Começou a preocupar-se e a afligir-se com os necessitados e pobres. Ingressou na Terceira Ordem de São Francisco e começou a socorrer mendigos, vagabundos e doentes abandonados por serem repugnantes. Fazendo-se pobre com os pobres, à semelhança de Cristo, que de tudo Se despojou em favor dos outros, ia distribuindo os haveres, ganhos com os trabalhos de pintor notável, entre os mais necessitados, que reunia nos albergues públicos, onde também ele dormia. Chegou a mendigar com eles.

Portando um hábito, prosseguiu na sua caridade para com os indigentes. Como não se sentisse capaz de sozinho socorrer tantos pobres, com a aprovação do bispo de Cracóvia, reuniu alguns companheiros e lançou os fundamentos de uma nova congregação, os Servos dos Pobres, mudando o seu nome para Alberto, ao fazer os seus votos de pobreza, castidade e obediência.

Não escreveu nenhuma Regra, mas o seu exemplo e proceder foram incentivo e modelo inédito de viver à maneira de Cristo. Construiu oficinas várias, para os necessitados poderem ganhar alguma coisa e reconstituírem a vida. Jamais aceitou bens imóveis ou auxílios econômicos estáveis.

De tal modo essa obra de assistência se multiplicou, que à sua morte deixou 21 grandes casas de asilo para pobres e 92 eremitérios com função de sanatórios para religiosos doentes. Tudo isso era organizado e administrado pelos irmãos e irmãs da Ordem Terceira de São Francisco, Servos dos Pobres, que se comprometiam a uma plena e perene disponibilidade para servir os miseráveis, os sem abrigo, os marginalizados, os abandonados, os vagabundos, os doentes, os idosos e os moribundos. Ele próprio adotara a forma de vida dos mendigos, morando nos seus tugúrios e compartilhando com eles as esmolas recebidas. Em comunidade era tratado por “Irmão Ancião”.

Vivendo em casas do Estado ou da Diocese, limitava-se a receber o que lhe iam dando, dia a dia. Nos albergues acolhia todos os infelizes, sem querer saber suas origens, raça, etnia ou religião. A 15 de Janeiro de 1891, ao reparar nas necessidades de tantas mulheres, com a cooperação de Ana Francisca Lubanska e Maria Cunegundes Silokowka, seduzidas pelo seu exemplo, fundou um ramo feminino da sua associação, para que alimentassem as famintas e as acolhessem em abrigos decentes, sobretudo nos casos de epidemias.

Com palavras de ânimo e conselhos apropriados, com pregações sobre os desajustamentos sociais, ressaltando a obrigação de todos, sobretudo os mais favorecidos em riquezas, de ajudarem os ignorantes e miseráveis, Santo Alberto não só formava os seus seguidores como suscitava nos ricos um desprendimento que os impulsionasse a uma generosa caridade. Para a direção das duas congregações recorria aos conselhos de prudentes sacerdotes. Para a fundação de novas casas nunca prescindia da opinião e do consentimento do bispo.

Não obstante a prótese rudimentar na perna, viajava imenso para fundar novos asilos e visitar as diversas casas religiosas. A sua fama cedo ultrapassou os limites de Cracóvia e se estendeu a toda a Polônia, concentrando-se num só nome: Frei Alberto. Tudo nascera do nada; tudo ia "de vento em popa", com o capital inesgotável da Providência.

Em tudo seguiu o exemplo de São Francisco de Assis. Sempre confiou a sua missão à Providência divina. Tomava forças na oração, na Eucaristia e na meditação do mistério da Cruz.
Nos últimos dez anos da vida andou atormentado com um tumor no estômago; mas ninguém o soube senão os poucos meses antes da morte, quando o mal se agravou. Sem exprimir qualquer lamento, expirou no dia de natal de 1916, no hospício dos pobres, em Cracóvia.

Antes de morrer, apontando para a imagem de Nossa Senhora de Czestochowa, disse aos irmãos e irmãs: “Esta Senhora é a vossa Fundadora, lembrai-vos disso”. E ainda: “Em primeiro lugar observai a pobreza”. Por ocasião de sua morte, tinha já várias comunidades ao serviço dos pobres, com mais de uma centena de discípulos. Junto das pessoas que ele tinha aproximado e conhecido, deixou um testemunho maravilhoso de fé e de caridade. Em Cracóvia, na Polônia, é conhecido como o Pai dos pobres, e por sua pobreza evangélica.

Os seus restos mortais repousam na igreja dos carmelitas de Cracóvia, meta incessante de peregrinação. Em 22 de Junho de 1983 o Papa São João Paulo II beatificou a Alberto em Cracóvia, durante sua segunda viagem apostólica à Polônia. Foi proclamado Santo em 12 de Novembro de 1989, em Roma, pelo mesmo Santo Pontífice, seu compatriota.


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