Podemos
perguntar-nos: como são transfigurados os homens e as mulheres? A resposta é
sublime: são os que seguem Cristo na sua vida e na sua morte, que se inspiram
n'Ele e se deixam inundar pela graça que Ele nos dá; são aqueles, cujo alimento
é cumprir a vontade do Pai; os que se deixam guiar pelo Espírito; os que nada
antepõem ao Reino de Cristo; os que amam o próximo até derramar por ele o seu
sangue; os que estão dispostos a oferecer tudo sem nada exigir em troca; os que
em poucas palavras vivem amando e morrem perdoando.
Assim viveram e morreram José Aparício Sanz e
os seus duzentos e trinta e dois companheiros, assassinados durante a terrível
perseguição religiosa que atormentou a Espanha nos anos trinta do século
passado. Eram homens e mulheres de todas as idades e condições: sacerdotes
diocesanos, religiosos, religiosas, pais e mães de família, e jovens leigos.
Foram assassinados porque eram cristãos, devido à sua fé em Cristo, por serem
membros ativos da Igreja. Todos eles, segundo o que consta dos processos canônicos
para a sua declaração como mártires, antes de morrer perdoaram sinceramente os
seus algozes.
Os
testemunhos que chegaram até nós falam de pessoas honestas e exemplares, cujo
martírio selou uma vida repleta de trabalho, oração e compromisso religioso nas
suas famílias, paróquias e congregações religiosas. Muitos deles gozavam já em
vida de fama de santidade entre os seus coetâneos. Pode dizer-se que os seus
comportamentos exemplares foram como que uma preparação para essa confissão
suprema da fé que é o martírio.
Homilia
de Beatificação, Papa João Paulo II - 11 de março de 2001
Luisa
Maria Frias Canizares nasceu em 20 de junho de 1896 em Valência, e foi batizada
no dia 25 do mesmo mês. Em 5 de Fevereiro de 1902 recebeu o sacramento da Crisma e a primeira
Comunhão logo da festa da Ascensão do Senhor, em 1908, na Colegial de São
Bartolomeu de Valência. Graduou-se em Filosofia e Literatura, seção de
História na Universidade de Valência, onde foi professora assistente de
Filosofia e Letras.
Apesar
do clima de hostilidade à Igreja a que foi exposta na Universidade e na vida
pública, aproveitou a sua missão de professora para dar testemunho de sua
fé.Ela foi uma das fundadoras do ramo feminino da Ação Católica na Universidade. Trabalhou
ativamente como membro da Ação Católica em sua paróquia de Santo Tomé Apóstolo,
estava sempre disponível , tinha uma intensa vida interior e uma grande
caridade para com os pobres. Peregrinava para Lourdes, Roma e Terra Santa.
Ela foi presa pelos anarquistas que a forçaram a se despir, recebendo insultos e maus tratos. De lá, ela foi levada para um calabouço, onde tentou encorajar seus companheiros de prisão.
Foi
levada para o Picadero de Paterna, e quando seus carrascos não conseguiram que
ela negasse a sua fé, arrancaram seus olhos, cortaram a sua língua e depois a
executaram com tiros de fuzil. Era o dia 6 de dezembro de 1936 e ela tinha
apenas 40 anos.
No
dia 11 de Março de 2001, o Papa João Paulo II elevou-a as honras dos
altares ― beatificando-a – ao mesmo tempo que outras 232 outras
vítimas dos massacres da revolução ― prestando assim uma homenagem
pública à coragem desta mulher que não hesitou em derramar o seu sangue por
Jesus Cristo.
Suas
relíquias descansam na paróquia de Santo Tomás, de Valência.
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