Pelo
tempo do bispo da Igreja Romana, Evaristo, vivia ainda na Ásia aquele a quem
Jesus amou, o apóstolo e evangelista João, e ali continuava a orientar as Igrejas
depois de regressar do desterro na ilha, após a morte de Domiciano...
Escuta
uma historieta, que não é uma historieta, mas uma tradição existente acerca do
apóstolo João, transmitida e guardada de memória. Depois do tirano (Domiciano)
morrer, João mudou-se da ilha de Patmos para Éfeso. Daqui costumava partir,
quando o chamavam, para as regiões pagãs vizinhas, a fim de nuns lugares
estabelecer bispos, noutros erigir igrejas, e noutros ainda ordenar alguns dos
que o Espírito tinha designado.
Veio
a uma cidade...e, depois de fortalecer os irmãos, tendo visto um jovem de
grande estatura, de aspecto elegante e de alma generosa, fixou o seu olhar no
rosto do bispo instituído na comunidade e disse: “Confio-te este jovem com
muito interesse, na presença da Igreja e com Cristo como testemunha.” O bispo
aceitou o jovem, prometendo-lhe tudo, mas João continuava a insistir no mesmo e
a apelar para as mesmas testemunhas.
Depois
regressou a Éfeso, e o bispo levou para casa o jovem que lhe fora confiado e
ali o manteve, o rodeou de afeto e, por fim, o batizou. Depois disto abrandou
um pouco na sua solicitude e vigilância, pensando que lhe dera a salvaguarda
perfeita: o selo do Senhor.
Relato
sobre João - Eusébio de Cesárea – Século IV
Já
ouvistes muitas coisas do Evangelho segundo João, que vedes nas minhas mãos.
Por graça de Deus temo-las explicado, consoante as nossas forças,
salientando-se perante vós principalmente o fato de ter este Evangelista
preferido falar da divindade do Senhor, segundo a qual é igual ao Pai e é o
Filho único de Deus. Por isso, João foi comparado à águia. Nenhuma ave se
apresenta a voar mais alto.
Tratado
XL - Santo Agostinho de Hipona – Século V
É
consolador para vós dizer-vos que o evangelista João voa alto à semelhança da
águia.
Tratado
XV - Santo Agostinho de Hipona – Século V
Depois,
João, o discípulo do Senhor, aquele que se reclinou sobre seu peito, também ele
editou o evangelho, enquanto residia em Éfeso da Ásia.
Adversus
Haereses, III – Ireneu de Lião – Século II
João,
o último de todos, vendo que nos evangelhos se mostra o corporal, incentivado
pelos amigos, divinamente levado pelo Espírito, compôs o evangelho espiritual.
Das
Hipotiposes – Clemente de Alexandria – Século III
São
João, o Apóstolo Virgem, é sem dúvida um dos maiores santos da Igreja,
merecendo o título de “o discípulo a quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu
do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela - como Fonte da Sabedoria - a
segurança doutrinária que lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de "o
Teólogo" por excelência.
Sabemos
pelos Evangelhos que São João era filho de Zebedeu e de Maria Salomé. Com seu
irmão Tiago, auxiliava o pai na pesca no lago de Genezaré. Pelos Evangelhos
sabemos também que seu pai possuía alguns barcos e empregados que trabalhavam
para ele.
Como
seus outros dois irmãos Simão e André, também pescadores, era discípulo de São
João Batista, o Precursor. Deste haviam recebido o batismo, zelosos que eram,
preparando-se para a vinda do Messias prometido.
Certa
vez, estavam João e André com o Precursor, quando passou Jesus a alguma
distância. O Batista exclama: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira os pecados
do mundo". No dia seguinte repetiu-se a mesma cena, e desta vez os dois
discípulos seguiram Jesus e permaneceram com Ele aquele dia (Jo, 1, 35 a 39).
Algumas
semanas depois estavam Simão e André lançando as redes às águas, quando passou
Jesus e lhes disse: "Vinde após mim. Eu vos farei pescadores de
homens". Mais adiante estavam Tiago e João numa barca, consertando as
redes. "E chamou-os logo. E eles deixaram na barca seu pai Zebedeu, com os
empregados, e O seguiram" (Mc 1, 16 a 20).
A
partir de então passaram a acompanhar o Messias em sua missão pública. Logo se
lhes juntaram outros, que perfariam o número de doze, completando assim o
Colégio Apostólico.
Uma
das maiores provas de afeição de Nosso Senhor a São João deu-se na Última Ceia,
quando, permitiu-lhe a familiaridade de recostar-se em seu coração. Diz Santo
Agostinho que nesse momento, estando tão próximo da fonte de luz, ele absorveu
dela os mais altos segredos e mistérios que depois derramaria sobre a Igreja.
Acompanhou Maria no caminho do Calvário e com
Ela permaneceu ao pé da cruz. Foi então que, recebendo-A como Mãe, obteve o
maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo:
"João, que era virgem, ao crer em Cristo permaneceu sempre virgem. Por
isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em
breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melhor, o
privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe
virgem nas mãos do discípulo virgem".
Ensinam os Padres da Igreja que esse
grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de
São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o
primeiro em tal adoção.
Foi ele também o único dos Apóstolos a
presenciar e a sofrer o drama do Gólgota, servindo de apoio à Mãe das Dores,
que com seu Filho compartilhava a terrível Paixão.
Quando, no Domingo da Ressurreição, Maria
Madalena veio dizer aos Apóstolos que o túmulo estava vazio, foi ele o primeiro
a correr, seguido de Pedro, para o local. E depois, estando no Mar de
Tiberíades, aparecendo Nosso Senhor na margem, foi o primeiro a reconhecê-Lo.
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