Depois do Pentecostes, os
apóstolos dirigiam o anúncio da mensagem cristã aos mais próximos, aos hebreus,
aguçando o conflito apenas acalmado da parte das autoridades religiosas do
judaísmo.
Como Cristo, os apóstolos
conheceram logo as humilhações dos flagelos e da prisão, mas apenas libertados
das correntes retomam a pregação do Evangelho. A primeira comunidade cristã,
para viver integralmente o preceito da caridade fraterna, colocou tudo em
comum, repartindo diariamente o que era suficiente para o seu sustento.
Com o crescimento da
comunidade, os apóstolos confiaram o serviço da assistência diária a sete
ministros da caridade, chamados diáconos.
Entre eles sobressaía o
jovem Estêvão, que em grego quer dizer “coroa”, em hebraico “regra”. Ele foi a coroa, isto é, o líder dos mártires do novo
testamento, assim como Abel foi do Antigo.
Segundo os Atos dos
Apóstolos, Estêvão foi um dos sete primeiros diáconos da igreja nascente (At 6, 2-5), logo após a morte e Ressurreição de Jesus, pregando os ensinamentos de
Cristo e convertendo tanto judeus como gentios. Segundo Étienne Trocmé, Estêvão pertencia a um grupo de cristãos que pregavam uma mensagem mais radical, um
grupo que ficou conhecido como os helenistas, já que os seus membros tinham
nomes gregos e eram educados na cultura grega. Também eram conhecidos como o
grupo dos 7.
Estêvão, além de exercer as
funções de administrador dos bens comuns, não renunciava ao anúncio da Boa
Nova, e o fez com tanto sucesso que os judeus “apareceram de surpresa,
agarraram Estêvão e levaram-no ao tribunal. Apresentaram falsas testemunhas,
que declararam: “Este homem não faz outra coisa senão falar contra o nosso
santo templo e contra a Lei de Moisés. Nós até o ouvimos afirmar que esse
Jesus de Nazaré vai destruir o templo e mudar as tradições que Moisés nos
deixou”.
Estêvão,
como se lê nos Atos dos Apóstolos, cheio de graça e de força, como pretexto de
sua autodefesa, aproveitou para iluminar as mentes de seus adversários.
Primeiro, resumiu a história hebraica de Abraão até Salomão, em seguida afirmou
não ter falado contra Deus, nem contra Moisés, nem contra a Lei, nem fora do
Templo. Demonstrou, de fato, que Deus se revelava também fora do Templo e se
propunha a revelar a doutrina universal de Jesus como última manifestação de
Deus, mas os seus adversários não o deixaram prosseguir no discurso, “taparam
os ouvidos e atiraram-se todos contra ele, em altos gritos. Expulsaram-no da
cidade e apedrejaram-no.” Entre os presentes na execução, estaria Saulo de
Tarso, o futuro São Paulo, ainda durante os seus dias de perseguidor de
cristãos.
Dobrando
os joelhos debaixo de uma tremenda chuva de pedra, o primeiro mártir cristão
repetiu as mesmas palavras de perdão pronunciadas por Cristo sobre a Cruz: “Senhor,
não os condenes por causa deste pecado.”
Estêvão foi lapidado no ano da ascensão do Senhor, no começo do mês de agosto, na manhã
do terceiro dia. Os santos Gamaliel e Nicodemos, que defendiam os cristãos em
todos os conselhos dos judeus, sepultaram-no num terreno pertencente a Gamaliel
e realizaram seus funerais com grande reverência.
O bem-aventurado Estêvão era
um dos principais cristãos de Jerusalém, e após sua morte começou uma onda de
perseguição a eles que, excetuados os apóstolos, que eram os mais corajosos, os
cristãos dispersaram-se por toda a província da Judeia, conforme o Senhor havia
recomendado: “Se forem perseguidos numa cidade, fujam para outra”.
Em
415 a descoberta das suas relíquias suscitou grande emoção na cristandade. A
festa do primeiro mártir foi sempre celebrada imediatamente após a festividade
do Natal.
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