terça-feira, 26 de dezembro de 2017

26 de dezembro - Beato Secondo Pollo

É o Céu a nossa morada definitiva, e somos chamados já a construí-la sobre a terra, como sugere o apóstolo Paulo: «Se, pois, ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às coisas lá de cima e não às da Terra» (Cl 3, 1-3). 

Assim fez o Padre Secondo Pollo, que nesta tarde tenho a alegria de elevar à glória dos altares. Ele constitui uma das inúmeras testemunhas da presença e da ação de Jesus ressuscitado na história do mundo. 

O Padre Secondo é um exemplo de presbítero corajoso que, no arco duma breve existência, soube atingir o cume da santidade. Na vigília da sua Ordenação sacerdotal, o novo Beato já manifestava com lúcida determinação o propósito de acolher, sem reservas, na própria vida o programa exigente do Evangelho: «Fazei-me santo», este tornou-se o seu ideal, este o seu empenho quotidiano. Guiado por este propósito, viveu de maneira intensa o próprio ministério sacerdotal, procurando e seguindo assiduamente a vontade de Deus. 

A Providência chamou-o a muitas e empenhativas tarefas no âmbito da Igreja de Vercelli. Foi educador de requintada intuição pedagógica nos seminários diocesanos, onde exerceu a função de professor e de padre espiritual. Fez-se antes discípulo e servo diligente da palavra de Deus através do estudo assíduo das disciplinas sagradas e da intensa atividade de pregador. Foi generoso dispensador da misericórdia divina na administração do sacramento do perdão. Trabalhou com entusiasmo entre os jovens, como assistente da Ação Católica, seguindo-os na tormenta da guerra como capelão dos alpinos. E precisamente no exercício heroico da caridade, o jovem sacerdote de Vercelli entregou a sua alma a Deus, deixando aos capelães militares do mundo inteiro um exemplo de como os próprios irmãos de armas devem ser amados e servidos, e aos alpinos um modelo e um protetor no Céu. 

Dois foram os segredos da subida do Padre Secondo aos cumes da santidade: a radicação constante em Deus, através da oração e da terníssima devoção à Mãe celeste, Maria. Do assíduo diálogo com Deus e do amor filial para com Nossa Senhora hauriu vigor aquela sua particular caridade pastoral, que se mostra como a síntese mais elevada e qualificante do seu ministério sacerdotal. Viveu inteiramente para os irmãos, concluindo a sua aventura terrena no dia de Santo Estevão, quase à imitação da ardorosa testemunha «cheia do Espírito Santo», de que fala o livro dos Atos dos Apóstolos (cf. 7, 55). Demos graças ao Senhor pelo dom deste Beato e por todos os Santos e Beatos que, em Cristo único Mediador de salvação, lançam uma «ponte» entre Deus e o mundo, refletindo e irradiando a luminosidade do Céu sobre a humanidade peregrina pelas estradas da terra. 

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 23 de maio de 1998

Nascido em Caresanablot (pequena aldeia na província de Vercelli), em 02 de janeiro de 1908, quando criança foi aluno dos Irmãos das Escolas Cristãs, ou Lassalistas, que muito contribuíram com sua sólida formação cristã. Talvez aí tenha nascido sua vocação. Apoiado por seu pároco, ingressou em 1919, com apenas 11 anos, no seminário. Logo passou para Roma, para o seminário lombardo, doutorando-se em Teologia e em Filosofia. Foi ordenado sacerdote em 1931, aos 23 anos de idade.

Foi destinado ao seminário menor de Monerivello, ao mesmo tempo em que exercia o serviço de capelão de duas aldeias. Em pouco tempo foi designado professor do seminário maior e consiliário diocesano da Ação Católica de Jovens.

Em 1940, e antes de sua incorporação ao Exército como capelão, foi cura encarregado das paróquias de Caresanablot e Larizzate. Foi também confessor de vários colégios, reitor diocesano da União Apostólica dos Sacerdotes, capelão do cárcere das mulheres e exerceu amplo apostolado auxiliando sacerdotes que o chamavam para pregar em suas paróquias.

Compreendendo o bem espiritual que podia fazer aos jovens soldados, aceitou à nomeação de capelão militar, sendo lotado na terceira legião dos Alpinos, chamada “Val Chisone”. Dedicou-se totalmente ao bem e ao serviço dos soldados, dos quais se tornou rapidamente o bom pastor, amigo e companheiro de suas almas.   

Sua morte foi no cumprimento de seu ministério. Depois de celebrar com os soldados o Natal, em um ataque inimigo, foi atender a um soldado moribundo e, enquanto o consolava e administrava os sacramentos, uma bala atingiu a artéria femoral, sangrando até morte. Como homenagem póstuma, foi-lhe concedida a cruz de prata de valor militar.


A Santa Igreja também reconheceu seus méritos: seu amor à vocação sacerdotal e sua dedicação ao serviço e pastoreio das almas.

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