domingo, 16 de setembro de 2018

16 de setembro - Santa Eufêmia da Calcedônia

A virgem mártir santa Eufêmia nasceu por volta do ano 288, na cidade de Calcedônia, na atual Turquia, era filha do senador Filofrônio e da sua esposa Teodora. Desde muito jovem se impôs nos ambientes da sua terra pela beleza, modéstia e sensatez, tendo sido educada desde criança na fé cristã. Viveu no tempo do Imperador Romano Diocleciano (284-305), que moveu talvez a maior perseguição contra os cristãos da Igreja primitiva.

A jovem Eufêmia, vendo como os cristãos eram cruelmente perseguidos e torturados decidiu apresentar-se perante Prisco, o juiz da sua cidade, comunicando-lhe que também acreditava em Cristo e que era batizada.

E nas mãos deste juiz sofre os mais cruéis tormentos, nunca negando a sua fé em Cristo e guardando a sua virgindade apesar das várias tentativas que sofreu para ser violada.
Não conseguindo possuir a jovem, apesar das torturas a que a submeteu, nem faze-la negar a sua fé, cheio de vergonha e de ódio por se sentir vencido por uma jovem donzela, o juiz Prisco depois de a ter feito passar por vários tormentos, dos quais se destaca a roda de fogo, manda-a por fim lançar num fosso onde viviam leões. No entanto, quando Eufêmia foi atirada para o fosso, os leões aproximaram-se dela mansamente estendendo e entrelaçando as suas caudas para formar uma espécie de trono para que a virgem ficasse nele comodamente sentada.

Prisco, ao ver isto ficou estupefato, até que o carrasco da prefeitura, ao ver o juiz doido de raiva, pegou na espada esticou o braço e, com a ponta da arma atravessou o coração de Eufêmia que assim se tornou finalmente uma mártir no dia 16 de Setembro do ano de 303.
O corpo da mártir foi recolhido pelos cristãos da cidade de Calcedónia e deram-lhe sepultura em um local onde mais tarde lhe construíram uma igreja.

O culto à virgem mártir santa Eufêmia estendeu-se rapidamente, por toda a cristandade, sendo na igreja onde o seu corpo estava sepultado em Calcedônia, que se realizou o IV Concílio Ecumênico de 8 de Outubro a 1 de Novembro do ano de 451. Este Concilio condenou a doutrina do monofisismo e proclamou a grandeza de Cristo como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, confirmando as duas naturezas, humana e divina numa única pessoa do Verbo.

Duramente o Concílio, após longos debates não se chegou a nenhum consenso, até que o Patriarca de Constantinopla, Anatólio, propôs, que se recorresse à intercessão da virgem mártir, cujas relíquias ali estavam. Então cada grupo escreveu sua confissão de fé e, aberto o túmulo de Santa Eufêmia, depositaram-nas sobre os restos mortais da santa, que foi lacrado e guardado, e durante três dias todos se dedicaram à oração e ao jejum.

Findo esse período de tempo o túmulo foi reaberto, tendo encontrado o texto com a profissão de fé ortodoxa (das duas naturezas) dos Padres do Concílio na mão direita de santa Eufêmia, e o outro texto (que sustentava a heresia monofisita) estava aos seus pés. Após este milagre foi afirmada a dupla natureza de Cristo.

Por isso é que na figura iconográfica da mártir santa Eufêmia é apresentada com um livro na mão, representando o livro da verdadeira fé.

No ano de 620, quando a cidade de Calcedônia foi invadida e conquistada pelos Persas, os cristãos com medo de perderem o seu corpo, mudaram-no para a cidade de Constantinopla, tendo sido depositado numa Igreja mandada construir pelo Imperador Constantino, em sua honra.

No ano 800, com a tomada do poder de Constantinopla pelo Imperador Nicéforo, que era contra símbolos religiosos, os cristãos ficaram com medo que ele removesse o corpo de santa Eufêmia e voltaram a fazer nova mudança do seu corpo para um lugar incerto.

Conta uma lenda, que numa noite de violenta tempestade o sarcófago de santa Eufêmia, que era feito de mármore desapareceu da cidade. Possivelmente, pescadores cristãos carregaram-no nos seus barcos, com a esperança de a transportar para um lugar seguro.

Em Julho, do ano 800, um grupo de pessoas da cidade de Rovinj, nas costas do mar Adriático na atual Croácia, viram dar à costa, ondulando gentilmente nas águas, um sarcófago. Uma multidão de pessoas juntou-se na praia, para o tentar retirar da água, mas os seus esforços foram todos inúteis, até que apareceu uma criança com dois fracos bezerros e que para espanto de todos conseguiu remover o pesado sarcófago da água levando-o para a igreja local da cidade.

Quando o sarcófago foi aberto, viram o corpo de uma moça muito bonita e que vestia um luxuoso vestido e junto dela, estava um pergaminho que dizia Hoc est corpus Eufemiae Sanctae… (este é o corpo de Santa Eufêmia, virgem mártir da Calcedônia, filha de um nobre senador, nascida para o céu em 16 de Setembro do ano 303).

O seu corpo continua hoje intacto e preservado e está à veneração dos fiéis na catedral da cidade de Rovinj, a qual atrai anualmente milhares de peregrinos e turistas que junto dela vêm pedir-lhe graças e agradecer-lhe as já conseguidas.

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