domingo, 2 de setembro de 2018

02 de setembro - São Salomão Leclercq


Os Santos são homens e mulheres que se entranham profundamente no mistério da oração. Homens e mulheres que lutam mediante a oração, deixando rezar e lutar neles o Espírito Santo; lutam até ao fim, com todas as suas forças; e vencem, mas não sozinhos: o Senhor vence neles e com eles. Também estas sete testemunhas, que hoje foram canonizadas, travaram o bom combate da fé e do amor através da oração. Por isso permaneceram firmes na fé, com o coração generoso e fiel. Que Deus nos conceda também a nós, pelo exemplo e intercessão delas, ser homens e mulheres de oração; gritar a Deus dia e noite, sem nos cansarmos; deixar que o Espírito Santo reze em nós, e orar apoiando-nos mutuamente para permanecermos com os braços erguidos, até que vença a Misericórdia Divina.

Papa Francisco – Homilia de Canonização – 16 de outubro de 2016

Em 1745, na França, na cidade de Boulognesur-Mer, nasceu Nicolás Leclercq, futuro Irmão Salomão, filho de uma família abastada e que vendia vinhos, licores, sal e madeiras. Seus pais, profundamente religiosos, transmitem ao filho sólidos valores cristãos; acostumam-no à oração cotidiana, ao conhecimento da Palavra de Deus e à devoção à Virgem Maria.

O clima espiritual da família influi na opção de Nicolás de consagrar-se a Deus. Mais adiante escreveria sobre sua mãe: “tinha o desejo de me ver servir a Deus e de me assegurar a salvação eterna”.

Na “Boulogne”, Nicolás matriculou-se na escola dos Irmãos das Escolas Cristãs que havia recebido a visita de La Salle, fundador dos Irmãos em 1716. Nesta escola, em 1757, enquanto a guerra dos Sete Anos entre a França e a Inglaterra, espalhava terror, Nicolás recebeu sua Primeira Eucaristia.

Terminados seus estudos, Nicolás tem sua primeira inspiração de seguir a vocação religiosa, mas não obteve permissão até a idade de 22 anos. Por isso, enquanto esperava e, devido à guerra e à situação econômica, foi obrigado a trabalhar na empresa familiar

Na festa da Ascensão, 17 de maio de 1768, Nicolás recebe o hábito dos Irmãos, assumindo o nome de Irmão Salomão. Naquela ocasião, o novo Irmão promete permanecer fiel à sua vocação até a morte

Depois de um ano de Noviciado, o irmão Salomão recebe a tarefa de ensinar às crianças menores. Desempenha esta tarefa por nove anos, tornando-se pouco a pouco um professor muito experiente. Sua sala de aula contava com nada menos que 130 alunos!

Com a ideia de aperfeiçoar sua didática, entre 1769 e 1770, passa um ano em Ruão fazendo Cursos de Pedagogia.

Em 1772, Irmão Salomão é nomeado vice-diretor do Noviciado de Maréville e, no ano seguinte diretor. Escreve uma carta a sua irmã pedindo que reze para que Deus lhe conceda as luzes necessárias para guiar os noviços no caminho da perfeição

Em junho de 1777, o Irmão Salomão, graças a seus estudos comerciais e de contabilidade, é nomeado Ecônomo de Maréville. Ocupa-se dos problemas práticos, da alimentação para seus coirmãos, da manutenção da casa e da propriedade da instituição. Aceitou a obediência, embora tivesse preferido dedicar-se às atividades espirituais.

Em 1787, o Irmão Salomão se torna o Secretário do Capítulo Geral da Congregação e logo depois Secretário do Superior Geral Irmão Agathão.

No dia 14 de julho de 1789, com a tomada da Bastilha, inicia-se a Revolução Francesa. O furor dos revolucionários se volta também contra os sacerdotes e religiosos que são obrigados a prestar juramento à constituição Civil, negando a autoridade do Papa. Quem se negava a jurar é encarcerado

Entre o dia 9 e o 10 de agosto, é também preso o rei Luis XVI e encarcerado na Prisão do Templo. Será guilhotinado na manhã do dia 21 de janeiro de 1793.

Na noite entre o 15 e o dia 16 de agosto, uns cinquenta revolucionários invadem a casa dos Irmãos da rua Nova. Levam preso o Irmão Salomão e o conduzem a cadeia do Carmelo.

No dia anterior havia escrito uma longa carta a sua irmã Maria, na qual, entre outros assuntos se lê: “Soframos agradecidos e alegremente as cruzes e as penas que Deus nos envie”.

Em carta à Família Leclercq, um irmão Lassalista, dizia: "No dia 15, 50 homens da Guarda Nacional invadiram a casa onde residia o Irmão Salomão, revistaram tudo durante quatro horas e, afinal, levaram o Irmão preso e o encarceraram na igreja dos Carmelitas, juntamente com uma centena de outras pessoas. Consegui falar com ele, mas por pouco tempo, pois os guardas nos obrigavam a comunicar-nos em voz forte e por tempo bem limitado. O Irmão Salomão está muito bem disposto e aceita, muito agradecido a Deus, a ocasião de poder sofrer algo por Ele. As prisões continuam se multiplicando; cabeças são cortadas sem parar. Esta é a situação atual." 

No dia dois de setembro de 1792, o Irmão Salomão é convocado perante o júri, para um simulacro de julgamento. Todas as pessoas que haviam recusado prestar o Juramento da Constituição Civil do Clero foram trucidadas. No meio dessa hecatombe, tombou o Irmão Salomão Leclercq. Não havia ainda completado 47 anos de vida.
O local do massacre foram os jardins e os pátios do Convento dos Carmelitas, na porta dos fundos da igreja.

Uma simples lápide de mármore recorda o fato, acontecido a 2 de setembro de 1792, com os dizeres em latim: "Aqui foram trucidados". 

O milagre para obter sua canonização, foi o caso de Maria Alejandra Hernández, venezuelana. Em 2007, ao jogar perto do orfanato onde vivia, foi mordida por uma serpente venenosa. Conduzida ao hospital, não tinham expectativas de salvar sua vida: os médicos pensavam em amputar a perna e, mesmo assim, informaram às Servas do Santíssimo Sacramento, que dirigiam o orfanato, só um milagre poderia salvá-la.
As irmãs, juntamente com suas crianças, começaram a rezar na capela onde mantinham uma imagem do Beato Salomão, onde os Lassalistas tinham uma casa de formação.
Depois de duas horas que as freiras e os órfãos começaram a rezar, a perna de Maria Alejandra recuperou a cor e, em pouco tempo, ela se recuperou.

O Beato Salomão Leclercq foi canonizado pelo Papa Francisco em 16 de outubro de 2016.






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