“Fome e sede” são experiências
muito intensas, porque correspondem a necessidades primárias e têm a ver com o
instinto de sobrevivência. Há pessoas que, com esta mesma intensidade, aspiram
pela justiça e buscam-na com um desejo assim forte. Jesus diz que elas serão saciadas, porque a justiça, mais cedo ou mais
tarde, chega e nós podemos colaborar para o tornar possível, embora nem sempre
vejamos os resultados deste compromisso.
Mas a justiça, que Jesus
propõe, não é como a que o mundo procura, uma justiça muitas vezes manchada por
interesses mesquinhos, manipulada para um lado ou para outro. A realidade
mostra-nos como é fácil entrar nas súcias da corrupção, fazer parte dessa
política diária do ‘dou para que me deem’, onde tudo é negócio. E quantas
pessoas sofrem por causa das injustiças, quantos ficam assistindo, impotentes,
como outros se revezam para repartir o bolo da vida. Alguns desistem de lutar
pela verdadeira justiça, e optam por subir para o carro do vencedor. Isto não
tem nada a ver com a fome e sede de justiça que Jesus louva.
Esta justiça começa por se tornar realidade na vida de cada um, sendo
justo nas próprias decisões, e depois manifesta-se na busca da justiça para os
pobres e vulneráveis. É verdade que a palavra “justiça” pode ser sinônimo de fidelidade à vontade de Deus com
toda a nossa vida, mas, se lhe dermos um sentido muito geral, esquecemo-nos que
se manifesta especialmente na justiça com aqueles que não possuem defesa: “procurai
o que é justo, socorrei os oprimidos, fazei justiça aos órfãos, defendei as
viúvas”.
Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade.
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