A misericórdia tem dois
aspetos: é dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar, compreender.
Mateus resume-o numa regra de ouro: “o
que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles”. O Catecismo
lembra-nos que esta lei se deve aplicar a todos os casos, especialmente
quando alguém se vê confrontado com situações que tornam o juízo moral menos
seguro e a decisão difícil.
Dar e perdoar é tentar
reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e
perdoa superabundantemente. Por esta razão, no Evangelho de Lucas, já não
encontramos “sede perfeitos”, mas “sede misericordiosos como o vosso Pai é
misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis
condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado”. E depois Lucas
acrescenta algo que não deveríamos descuidar: “a medida que usardes com os
outros será usada convosco”. A medida
que usarmos para compreender e perdoar será aplicada a nós para nos perdoar. A
medida que aplicarmos para dar, será aplicada a nós no céu para nos
recompensar. Não nos convém esquecê-lo.
Jesus não diz felizes os que
planeiam vingança, mas chama felizes aqueles que perdoam e o fazem setenta
vezes sete. É necessário pensar que
todos nós somos uma multidão de perdoados. Todos nós fomos olhados com
compaixão divina. Se nos aproximarmos sinceramente do Senhor e ouvirmos com
atenção, possivelmente uma vez ou outra escutaremos esta repreensão: “não
devias também ter piedade do teu companheiro como Eu tive de ti?
Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.
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