terça-feira, 24 de abril de 2018

Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Gaudete et Exsultate – nºs 80 a 82


A misericórdia tem dois aspetos: é dar, ajudar, servir os outros, mas também perdoar, compreender. Mateus resume-o numa regra de ouro: “o que quiserdes que vos façam os homens, fazei-o também a eles”. O Catecismo lembra-nos que esta lei se deve aplicar a todos os casos, especialmente quando alguém se vê confrontado com situações que tornam o juízo moral menos seguro e a decisão difícil.

Dar e perdoar é tentar reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e perdoa superabundantemente. Por esta razão, no Evangelho de Lucas, já não encontramos “sede perfeitos”, mas “sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado”. E depois Lucas acrescenta algo que não deveríamos descuidar: “a medida que usardes com os outros será usada convosco”. A medida que usarmos para compreender e perdoar será aplicada a nós para nos perdoar. A medida que aplicarmos para dar, será aplicada a nós no céu para nos recompensar. Não nos convém esquecê-lo.

Jesus não diz felizes os que planeiam vingança, mas chama felizes aqueles que perdoam e o fazem setenta vezes sete. É necessário pensar que todos nós somos uma multidão de perdoados. Todos nós fomos olhados com compaixão divina. Se nos aproximarmos sinceramente do Senhor e ouvirmos com atenção, possivelmente uma vez ou outra escutaremos esta repreensão: “não devias também ter piedade do teu companheiro como Eu tive de ti?

Olhar e agir com misericórdia: isto é santidade.


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