“Alegrai-vos e Exultai” (Mt 5,
12), diz Jesus a quantos são perseguidos ou humilhados por causa d’Ele. O
Senhor pede tudo e, em troca, oferece a vida verdadeira, a felicidade para a
qual fomos criados. Quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma
vida medíocre, superficial e indecisa. Com efeito, o chamado à santidade está
patente, de várias maneiras, desde as primeiras páginas da Bíblia; a Abraão, o Senhor
propô-la nestes termos: “anda na minha presença e sê perfeito” (Gn 17, 1).
Os santos, que já
chegaram à presença de Deus, mantêm conosco laços de amor e comunhão. O
Apocalipse fala dos mártires intercessores: “Vi debaixo do altar as almas dos
que tinham sido mortos, por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho
que deram. E clamavam em alta voz: “Tu, que és o Poderoso, o Santo, o
Verdadeiro! Até quando esperarás para julgar?” (6, 9-10). Podemos dizer que estamos
circundados, conduzidos e guiados pelos amigos de Deus. Não devo carregar
sozinho o que, na realidade, nunca poderia carregar sozinho. Os numerosos
santos de Deus protegem-me, amparam-me e guiam-me.
Nos processos de
beatificação e canonização, tomam-se em consideração os sinais de heroicidade
na prática das virtudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos em
que se verificou um oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à
morte. Esta doação manifesta uma imitação exemplar de Cristo, e é digna da
admiração dos fiéis. Lembremos, por exemplo, a Beata Maria Gabriela Sagheddu,
que ofereceu a sua vida pela unidade dos cristãos.
Gaudete
et Exsultate – nºs 01 a 05
Maria Gabriela Sagheddu
nasceu em Dorgali, na Sardenha, de uma família de pastores, em 1914, seguindo
as indicações do seu diretor espiritual, entrou no Mosteiro de Grottaferrata.
Depois da profissão
religiosa, assumiu uma atitude de abandono tranquilo, que a levou ao sacrifício
total de si mesma: "Agora faz Tu", dizia simplesmente. A sua
breve vida claustral (três anos e meio) consumou-se como uma Eucaristia, no
empenho quotidiano de negar totalmente a si mesma para seguir a Cristo,
obediente ao Pai até à morte.
Gabriela via na
missão do sacrifício o sentido da sua vida. "A glória de Deus não
consiste em fazer grandes coisas, mas no sacrifício total do próprio eu", escreveu
numa carta.
Com a profissão
religiosa, cresceu nela a experiência da pequenez: "a minha vida não
vale nada... posso oferecê-la tranquilamente".
A sua abadessa,
Madre Maria Gullini, tinha uma grande sensibilidade e um grande amor pela causa
ecumênica, que soube comunicar também à sua comunidade.
Quando a Madre Pia,
solicitada pelo Padre Couturier, apresentou à comunidade o pedido de orações e
de oferecimentos pela grande causa da Unidade dos Cristãos, a Irmã Maria
Gabriella sentiu-se logo comprometida e chamada a oferecer a sua jovem
vida: "Sinto que o Senhor me pede" — confessa à
Abadessa. "Sinto-me chamada mesmo quando não o quero pensar".
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