O que significa
viver realmente a Páscoa, o espírito pascal?
Ir pelos caminhos do
Espírito sem comprometimentos, testemunhando a verdade com coragem e franqueza.
Para compreender
este programa de vida é necessária uma «mudança de mentalidade», libertar-se
dos laços do racionalismo e aderir à liberdade do Espírito. Era isto que Jesus
explicava a Nicodemos no célebre episódio evangélico da visita noturna.
Este fariseu era um
homem bom. Inquieto, não entendia. O seu coração estava na noite». Mas
tratava-se de uma noite diversa da de Judas, porque era uma noite que levava o
primeiro a aproximar-se de Jesus, e o outro a afastar-se. Foi ter com Jesus
para «pedir explicações» e recebeu uma resposta que não entende. Quase como se Jesus
quisesse complicar a situação, pondo-o em dificuldade. Com efeito, responde: Em
verdade, em verdade te digo: quem não renascer do alto não poderá ver o Reino
de Deus». Nicodemos pergunta: Como é possível nascer de novo? Parece, um pouco
irônico, mas não é assim. Ao contrário, é a expressão de um grande tormento
interior. Então, Jesus explica que se trata da passagem de uma mentalidade para
outra e com muita paciência e amor, ajuda este homem de boa vontade a fazer
esta passagem.
O que significa
“nascer do Espírito”? O que significa nascer do alto: o vento sopra onde quer;
ouves o seu ruído mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece
com aquele que nasceu do Espírito. Nesta mensagem se sente um ar de liberdade.
Portanto, eis o
ponto: a firmeza da fé. Uma conclusão que envolve cada cristão. Com efeito: às
vezes esquecemos que a nossa fé é concreta: o Verbo fez-se carne, não se fez
ideia: fez-se carne.
E a solidez da fé
leva à franqueza, ao testemunho até ao martírio, que é contrário aos compromissos,
à idealização da fé. Poder-se-ia dizer que para os doutores da lei o Verbo não
se fez carne: fez-se lei. Para eles só era importante estabelecer: Deve-se
fazer isto até aqui, e não mais; deve-se fazer isto... E assim viviam presos
nesta mentalidade racionalista. Uma mentalidade que não acabou com eles. Com
efeito, na história muitas vezes a Igreja que condenou o racionalismo, o
iluminismo, também caiu numa teologia do “pode-se e não se pode”, “até aqui,
até ali”, e esqueceu a força, a liberdade do Espírito, este renascer do
Espírito que te dá a liberdade, a franqueza da pregação, o anúncio de que Jesus
Cristo é o Senhor.
Papa Francisco - 24 de abril de 2017
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