"Vinde, benditos de Meu Pai, recebei em herança o
Reino que vos está preparado desde a criação do mundo... porque adoeci e
visitastes-Me" (Mt 25, 34.36). Estas palavras do Evangelho proclamado
hoje serão, sem dúvida, familiares a Bento Menni, sacerdote da Ordem de São
João de Deus. A sua dedicação aos doentes, vivida segundo o carisma
hospitaleiro, guiou a sua existência.
A sua espiritualidade surge da própria experiência do
amor que Deus tem para com ele. Grande devoto do Coração de Jesus, Rei dos céus
e da terra, e da Virgem Maria, encontra nele a força para a sua dedicação
caritativa ao próximo, sobretudo aos que sofrem: anciãos, crianças, tuberculosos,
poliomielíticos e doentes mentais.
Prestou o seu serviço à Ordem e à sociedade com humildade
a partir da hospitalidade, com uma integridade irrepreensível que o converteu
em modelo para muitos. Promoveu diversas iniciativas, orientando algumas jovens
que formariam o primeiro núcleo do novo Instituto religioso, fundando em
Ciempozuelos (Madrid), as Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. O
seu espírito de oração levou-o a imergir-se no mistério pascal de Cristo, fonte
de compreensão do sofrimento humano e caminho para a ressurreição. Neste dia de
Cristo Rei, São Bento Menni ilumina, com o exemplo da sua vida, aqueles que querem
seguir as pegadas do Mestre pelos caminhos do acolhimento e da hospitalidade.
Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 21 de
novembro de 1999
Bento Menni nasceu em Milão (Itália) em 11 de Março de
1841, filho do casal formado por Luigi Menni e Luigia Figini, sendo o quinto de
15 irmãos.
A par do ambiente familiar, que marca a vida de qualquer
homem, quatro episódios intervêm na sua decisão de se tornar Irmão de São João
de Deus:
Uns exercícios espirituais aos 17 anos
Os conselhos de um eremita de Milão
A sua oração diária diante de um quadro de Nossa Senhora
O exemplo dos Irmãos de São João de Deus a atender os
soldados feridos que chegavam à estação de Milão provenientes de Magenta,
serviço que o próprio Menni praticou.
Em 1860, entrou na Ordem Hospitaleira de São João de
Deus, trocando o nome de Ângelo Hércules, recebido no batismo, pelo de Bento.
Fez os estudos filosóficos e teológicos primeiro no Seminário de Lodi e depois
no colégio Romano (Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma). Foi ordenado
sacerdote em 1866.
Pio IX confiou-lhe a difícil missão de restaurar em
Espanha a extinta Ordem Hospitaleira, tarefa essa que iniciou em 1867.
Com apenas 26 anos, saiu da sua pátria para restaurar a
Ordem Hospitaleira na Espanha; viveu no meio da revolução política e, longe de
fugir, comprometeu-se com os feridos da guerra carlista; descobriu a maior
necessidade social do país no atendimento aos doentes mentais, e comprometeu-se
de forma efetiva com eles.
À restauração da Ordem em Espanha seguiu-se também, no
final do século XIX, a restauração da mesma em Portugal e, no início do século
XX, no México. Em 31 de Maio de 1881, fundou a Congregação das Irmãs
Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus.
Foi um homem de caridade inesgotável e de excecionais
dotes de governo. Por altura da sua morte, ocorrida no dia 24 de abril, em Dinan (França) no ano de
1914, tinha criado 22 grandes centros entre asilos, hospitais gerais e
hospitais psiquiátricos. Os seus restos repousam na Casa-mãe de Ciempozuelos.
Em 23 de Junho de 1985 foi declarado beato pelo Papa João
Paulo II, que o canonizou em 21 de Novembro de 1999, ato pelo qual se
reconheceu perante a Igreja a sua santidade, por ele vivida num grau
extraordinário.
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