Esta bem-aventurança diz
respeito a quem tem um coração simples, puro, sem imundície, pois um coração
que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor,
algo que o enfraqueça ou coloque em risco. Na Bíblia, o coração significa as
nossas verdadeiras intenções, o que realmente buscamos e desejamos, para além
do que aparentamos: O homem vê as aparências, mas o Senhor olha o coração. Ele
procura falar-nos ao coração e nele deseja gravar a sua Lei. Em última análise,
quer dar-nos um coração novo.
Vela com todo o cuidado sobre
o teu coração. Nada de manchado pela falsidade tem valor real para o Senhor.
Ele foge da duplicidade, afasta-Se dos pensamentos insensatos. O Pai, que vê no
oculto, reconhece o que não é limpo, ou seja, o que não é sincero, mas só casca
e aparência; e de igual modo também o Filho sabe o que há em cada ser humano.
É verdade que não há amor sem obras de amor, mas esta bem-aventurança
lembra-nos que o Senhor espera uma dedicação ao irmão que brote do coração,
pois ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser
queimado, se não tiver amor, de nada me vale. Também vemos, no Evangelho de
Mateus, que é o que provém do coração (…) que torna o homem impuro, porque de
lá procedem os homicídios, os roubos, os falsos testemunhos. Nas intenções do coração, têm origem os
desejos e as decisões mais profundas que efetivamente nos movem.
Quando o coração ama a Deus e ao próximo, quando isto é a sua
verdadeira intenção e não palavras vazias, então esse coração é puro e pode ver
a Deus. São Paulo lembra, em pleno hino da caridade, que vemos como num
espelho, de maneira confusa, mas, à medida que reinar verdadeiramente o amor, tornar-nos-emos
capazes de ver face a face. Jesus
promete que as pessoas de coração puro verão
a Deus.
Manter o coração limpo de tudo o que mancha o amor: isto é santidade.
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