Hoje encontramos
alguém que, de acordo com os Evangelhos, foi a primeira pessoa a ver Jesus
ressuscitado: Maria Madalena. Havia terminado o descanso de sábado. No dia da
paixão não tinha havido tempo para completar os ritos funerários; por isso,
naquele amanhecer cheio de tristeza, as mulheres vão ao sepulcro de Jesus com
unguentos perfumados. A primeira a chegar é ela: Maria Madalena, uma das
discípulos que tinham acompanhado Jesus desde a Galileia, mantendo-se a serviço
da Igreja nascente. Em seu caminho para o túmulo se reflete a lealdade de
muitas mulheres que dedicam anos indo ao cemitério, em memória de alguém que
não está mais entre nós. Os laços mais autênticos não são quebrados até mesmo
por morte: há aqueles que continuam a amar, mesmo se o se a pessoa amada se foi
para sempre.
É enquanto ela está
inclinada perto da sepultura, com os olhos cheios de lágrimas, que Deus a
surpreende da maneira mais inesperada. O evangelista João enfatiza como era
persistente sua cegueira: não nota a presença de dois anjos que a interrogam, e
nem mesmo desconfia ao ver o homem atrás dela, quem ela acredita ser um
jardineiro. Mas descobre o acontecimento mais marcante da história humana
quando finalmente é chamada pelo seu nome: “Maria”.
Como é belo pensar
que a primeira aparição de Cristo ressuscitado – de acordo com os Evangelhos –
tenha ocorrido de forma tão pessoal! Que há alguém que nos conhece, que vê o
nosso sofrimento e decepção, e que se comove por nós, e nos chama pelo nome. É
uma lei que encontramos esculpida em muitas páginas do Evangelho. Ao redor de
Jesus, existem muitas pessoas que buscam a Deus; mas a realidade mais
prodigiosa é que, muito antes, há em primeiro lugar Deus que se preocupa com
nossas vida, que a quer levantar, e para fazer isso nos chama pelo nome,
reconhecendo o rosto pessoal de cada um. Cada homem é uma história de amor que
Deus escreve sobre esta terra.
Cada um de nós é uma
história de amor de Deus. Cada um de nós é chamado, por Deus, pelo próprio
nome: nos conhece pelo nome, nos olha, nos espera, nos perdoa, é paciente
conosco. É verdade ou não é verdade? Cada um de nós faz esta experiência.
E Jesus a chama:
“Maria!”, a revolução de sua vida, a revolução destinada a transformar a
existência de cada homem e mulher, começa com um nome que ecoa no jardim do
sepulcro vazio. Os Evangelhos nos descrevem a felicidade de Maria: a
ressurreição de Jesus não é uma alegria dada com conta-gotas, mas uma cascata
que afeta toda a vida.
A vida cristã não é
tecida com a felicidade suave, mas de ondas que transformam tudo. Tentem pensar
também vocês neste instante, com a bagagem de decepção e derrota que cada um de
nós carrega em seu coração, que há um Deus próximo de nós, que nos chama pelo
nome e nos diz: "Levanta-te, pare de chorar, porque Eu vim para libertá-lo". E
isso é belo.
Jesus não é alguém
que se adapta ao mundo, tolerando que nele perdure a morte, tristeza, ódio, a
destruição moral de pessoas … Nosso Deus não é inerte, mas o nosso Deus –
permito-me a palavra – é um sonhador: sonha a transformação do mundo e realizou
no mistério da Ressurreição.
Maria gostaria de
abraçar o seu Senhor, mas Ele está agora orientado ao Pai celeste, enquanto ela
é enviada a levar o anúncio aos irmãos. E assim a mulher, que antes de conhecer
Jesus estava em poder do maligno, agora se tornou uma apóstola da nova e maior
esperança.
Papa Francisco - 17 de maio de 2017
Hoje celebramos:
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