Nós sabemos que
todos os domingos recordamos a ressurreição do Senhor Jesus, mas neste período
depois da Páscoa o domingo reveste-se de um significado ainda mais iluminador.
No Jubileu do Ano
2000, São João Paulo II estabeleceu que este domingo seja dedicado à Divina
Misericórdia. É verdade, foi uma boa intuição: quem inspirou isto foi o
Espírito Santo. Concluímos há poucos meses o Jubileu extraordinário da
Misericórdia e este domingo convida-nos a retomar com vigor a graça que provém
da misericórdia de Deus. O Evangelho de hoje é a narração da aparição de Cristo
ressuscitado aos discípulos reunidos no cenáculo. São João escreve que Jesus,
depois de se ter despedido dos seus discípulos, lhes disse: “Assim
como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós”. Dito isto, soprou
sobre eles e acrescentou: “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem
perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados”.
Eis o sentido da
misericórdia que se apresenta precisamente no dia da ressurreição de Jesus como
perdão dos pecados. Jesus Ressuscitado transmitiu à sua Igreja, como primeira
tarefa, a sua missão de levar a todos o anúncio do perdão. Esta é a primeira tarefa: anunciar o perdão. Este sinal visível da
sua misericórdia traz consigo a paz do coração e a alegria do encontro renovado
com o Senhor.
A
misericórdia à luz da Páscoa deixa-se perceber como uma verdadeira forma
de conhecimento. E isto é importante: a misericórdia é uma verdadeira forma
de conhecimento. Sabemos que se conhece através de muitas formas. Conhece-se
através dos sentidos, da intuição, da razão e ainda de muitas outras formas.
Pois bem, pode-se conhecer também através da experiência da misericórdia,
porque a misericórdia abre a porta
da mente para compreender melhor o mistério de Deus e da nossa
existência pessoal.
A misericórdia
faz-nos compreender que a violência, o rancor, a vingança não têm sentido
algum, e a primeira vítima é quem vive estes sentimentos, porque se priva da
própria dignidade.
A misericórdia abre
também a porta do coração e permite expressar a proximidade
sobretudo a quantos estão sozinhos e marginalizados, porque os faz sentir irmãos
e filhos de um só Pai. Ela favorece o reconhecimento de quantos têm necessidade
de consolação e faz encontrar palavras adequadas para dar conforto.
Irmãos e irmãs, a
misericórdia aquece o coração e torna-o sensível às necessidades dos irmãos com
a partilha e a participação. Em síntese, a
misericórdia compromete todos a serem instrumentos de justiça, de reconciliação
e de paz. Nunca esqueçamos que a misericórdia é o remate na vida de fé e a
forma concreta com a qual damos visibilidade à ressurreição de Jesus.
Maria,
Mãe da Misericórdia, nos ajude a crer e a viver tudo isto com alegria.
Papa
Francisco – 23 de abril de 2017
Hoje celebramos:
Santa Julia BilliartBeato
Beato Augusto Czartoryski
Beato Domingo Iturrate Zubero
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